China amplia o consumo de café e país é 3º maior mercado para o produto brasileiro

Compartilhe:

Brasília – Em janeiro, as exportações brasileiras de café geraram uma receita de US$ 739 milhões, alta de 17,9% comparativamente com o mesmo mês de 2023, e um dado chamou a atenção: a China com importações de US$ 50 milhões, apareceu como terceiro principal mercado para o café brasileiro, dois postos acima do quinto lugar registrado no ano passado e respondeu por 6,76% das vendas externas brasileiras do produto.

Nas estatísticas da plataforma Comex Vis, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a China só ficou atrás de dois dos maiores e mais e tradicionais importadores do café brasileiro, os Estados Unidos (US$ 140 milhões) e Alemanha (US$ 113 milhões). E à frente de países como o Japão (US$ 45 milhões) e Itália (US$ 44 milhões).

Importações em alta forte e consistente

O forte crescimento das exportações para a China confirma uma tendência que vem se acentuando. Ano passado, os embarques para o mercado chinês tiveram uma forte alta de 251,1% para US$ 278 milhões, um crescimento da ordem de US$ 199 milhões. A participação chinesa nas exportações totais do Brasil foi de 3,8%.

Com os números registrados em janeiro, a expectativa é de que ao final do ano a China se consolidará como o terceiro principal mercado para o café brasileiro em todo o mundo. A alta consistente nas importações do produto brasileiro segue uma dinâmica marcada pelo forte aumento no consumo do café pela população chinesa, os jovens principalmente. 

Na temporada 2022/23 (outubro de 2022 a setembro de 2023), o volume de café consumido na China cresceu 15% comparativamente ao período anterior, para 3,08 milhões de sacas de 60 kg, segundo dados da Organização Mundial do Café (OIC). 

Na safra passada, as exportações de café brasileiro para a China somaram 1,11 milhão de sacas de 60kg, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), mais que triplicando as importações realizadas no mesmo período de 2022.

Com uma população de 1,4 bilhão de pessoas, o consumo do café pelos chineses ainda é baixo, principalmente quando comparado com os volumes dos maiores consumidores, os Estados Unidos e o Brasil, ambos numa faixa superior a 20 milhões de sacas anuais.

Mudança de padrão cultural se reflete na alta do consumo

Apesar dos números modestos, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA na sigla em inglês) projeta a China como sétimo maior consumidor mundial de café em 223/24, destacando o aumento da demanda, que reflete uma consistente mudança cultural em relação ao hábito de tomar café, a exemplo do que acontece há alguns anos em países como o Japão e a Coreia do Sul. A maioria das pessoas na China ainda toma apenas chá, mas a geração mais jovem, principalmente os estudantes universitários, as mulheres e pessoas que viajaram para o exterior, começam a mudar esse padrão e passam a beber café.

Segundo o diretor-geral do Cecafé, Marcos Mattos, “a China é uma realidade, não é algo pontual. Podemos ter muitas surpresas com a China, sem nenhuma dúvida. O crescimento do consumo é puxado pelos jovens, mulheres e por pessoas que circulam pelos ambientes corporativos das grandes metrópoles chinesas”, atesta Matos.

O consumo do café no país asiático é alavancado por um outro fator relevante: no ano passado, a China superou os Estados Unidos como o país com o maior número de cafeterias de marcas em todo o mundo, com um total de 49.691 pontos de venda, um crescimento de impressionantes 58% apenas nos últimos doze meses. Empresas como a Cotti Coffee e a Luckin Coffee adicionaram, respectivamente, 6.004 e 5,059 novos postos de venda em território chinês no curto espaço de um ano.

Com o consumo em alta, é possível identificar entre os chineses o crescimento de um hábito ainda mais saudável para os produtores de café no Brasil, a busca crescente pelos grãos de maior qualidade e, consequentemente, preços bem mais elevados.

Em janeiro, as exportações dos chamados cafés diferenciados, que possuem qualidade superior ou certificados de práticas sustentáveis em sua produção, cresceram 39% em comparação com o mesmo mês do ano passado e representaram 19,8% das vendas externas totais brasileiras.

Esses cafés especiais alcançaram um preço médio de US$ 226,1 por saca e geraram uma receita de US$ 177 milhões, equivalentes a 22,1% dos embarques totais de café realizados em janeiro. A exemplo do que acontece com os cafés tradicionais, os Estados Unidos foram também o principal mercado para os produtos especiais, com uma fatia de 27,2% do total desse tipo de embarque. A seguir vieram Alemanha (22%); Bélgica (10,7%); Holanda (6,5%); e Suécia (5,7%).

Com o aumento expressivo das exportações dos tradicionais, a expectativa do setor cafeeiro é que em breve a China também passará a ocupar um lugar de destaque entre os grandes importadores dos cafés especiais, de maior valor agregado, e, dessa forma, contribuindo para aumentar a receita brasileira com as exportações de café.

Tags: