Hugo Corales, Diretor Comercial do ProChile no Brasil.

Chile planeja inserir PMEs no fortalecimento das relações comerciais com o Brasil

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Da Redação

Brasília – O Chile projeta aprofundar e fortalecer o posicionamento de suas empresas no mercado brasileiro, o quarto país de destino das vendas externas chilenas em todo o mundo e o primeiro na América Latina, principalmente no setor alimentício e replicar esse posicionamento para outros setores, como por exemplo para fornecedores de soluções de mineração. Essa estratégia prevê uma maior inserção das empresas de pequeno e médio porte entre as companhias que já exportam para o mercado brasileiro.

É com esse objetivo que o ProChile, instituição ligada ao Ministério das Relações Exteriores do país andino, promove a partir desta segunda-feira (27), em São Paulo, o Encontro Chile-Brasil, na expectativa de fomentar as oportunidades de negócios entre os dois países.

Entre os dias 29 de novembro e 1º. de dezembro, o Encontro será realizado em Belo Horizonte e servirá como preâmbulo para a participação do Chile na Exposibram 2024, a feira mais importante para o setor da mineração do País, que acontecerá na capital mineira de 9 a 12 de setembro do próximo ano. O Encontro Chile-Brasil terá a participação de Ignácio Fernández, Diretor-Geral do ProChile.

Para falar sobre o evento e sobre as relações entre o Chile e o Brasil, o Diretor Comercial do ProChile, Hugo Corales, concedeu entrevista exclusiva por e-mail ao ComexdoBrasil.com, na qual fez também uma análise abrangente do comércio, dos investimentos e das parcerias entre os dois países. A entrevista segue abaixo.

Comexdobrasil.com: Entre os dias 27 de novembro e 1º. de dezembro será realizado em São Paulo e Belo Horizonte um duplo Encontro Chile-Brasil. O principal objetivo é promover o intercâmbio entre empresas chilenas e brasileiras de setores como alimentos, bebidas, investimentos, turismo e soluções para mineração. Quais são as expectativas do Prochile em relação a esse evento?

Hugo Corales: Em linhas gerais, podemos dizer que por um lado buscamos aumentar as exportações das empresas chilenas para o Brasil, especialmente as de menor e médio porte. Por isso, o grande marco do encontro é a realização da rodada de negócios na terça-feira, dia 28. Mas por outro lado e ao mesmo tempo queremos aprofundar e fortalecer nosso posicionamento no mercado brasileiro, principalmente no setor alimentício e replicar esse posicionamento para outros setores também, como, por exemplo, para fornecedores de soluções de mineração. Queremos destacar o trabalho realizado pela ProChile, em conjunto com o setor privado, para consolidar o nosso posicionamento no mercado como um parceiro comercial estável e confiável e expandir também para outros setores.

Comexdobrasil.com: Na capital paulista, nos dias 27 e 28 de agosto, a programação terá, entre outros destaques, um seminário para atrair investimentos, um workshop dedicado às empresas do setor de alimentos com apresentação do vasto potencial do mercado brasileiros para os exportadores chilenos e uma rodada de negócios envolvendo a participação de mais de 50 empresas chilenas do setor alimentício. De que maneira eventos como esses podem contribuir, concretamente, para a expansão das relações comerciais entre os dois países?

Hugo Corales: As relações comerciais são relações de confiança e para isso é fundamental conhecer a contraparte, saber quais são os seus principais atributos, o que mais se destaca dentro da sua oferta. Neste sentido, vemos que a realização deste tipo de atividades, o maior e mais importante encontro que o ProChile realizará a nível sul-americano em 2023, é uma contribuição para a ampliação das relações comerciais entre os dois países.

O Chile goza de um bom posicionamento, principalmente graças a produtos como salmão, vinho, frutas e azeite, por exemplo. Nosso objetivo é estender esse bom posicionamento a outros produtos, daí o lançamento da marca Pisco Chile e a incorporação de novos produtos à cesta, como nozes e avelãs, que apresentaram grande crescimento até agora neste ano de 2023.

Comexdobrasil.com: Além de São Paulo, o Encontro terá uma programação importante em Belo Horizonte. Quais motivos levaram o ProChile a escolher a capital de Minas Gerais para um evento dessa relevância? Minas Gerais oferece algo de muito especial como parceiro comercial do Chile? Como se dará a participação chilena na Exposibram 2024? Quais inovações tecnológicas as empresas chilenas poderão apresentar nessa importante feira?

Hugo Corales: O Chile é reconhecido internacionalmente como um player relevante na indústria de mineração, especialmente como um dos principais produtores de cobre do mundo. Esta liderança, entre outros fatores, deve-se à presença de um conjunto de empresas fornecedoras de bens e serviços para a mineração, capazes de cobrir as diferentes necessidades existentes ao longo de todo o processo mineiro com desenvolvimento, tecnologia e inovação. Esse reconhecimento e aval da experiência e atuação no mercado nacional nos torna mais atrativos e competitivos na mineração global e é a proposta que ofereceremos no Brasil, especialmente em Belo Horizonte, coração da mineração brasileira.

A agenda em Belo Horizonte terá como foco o desenvolvimento tecnológico e a inovação na mineração. A estratégia é replicar o posicionamento do Chile como parceiro comercial estável e fornecedor confiável de produtos e serviços também neste setor (mineração). A delegação chilena será formada por oito empresas inovadoras e altamente tecnológicas, com ampla experiência no mercado local e com presença também em outros países, ou seja, com experiência em exportação.

Esse é o mesmo perfil que queremos mostrar no próximo ano na Exposibram, empresas com muita tecnologia, fáceis de escalar e adaptáveis a diferentes realidades, necessidades e tipos de tarefas. Também se destacam na delegação representantes da Associação dos Industriais de Antofagasta, organizadores da Feira Exponor 2024 e da qual o Brasil será o convidado de honra, portanto este encontro servirá como ponto de conexão e coordenação para este grande marco dentro do calendário mineiro 2024 no Chile.

Comexdobrasil.com: Após atingir em 2022 uma corrente de comércio (exportação+importação) de US$ 13,7 bilhões, o intercâmbio comercial entre o Brasil e Chile apresenta, de janeiro a outubro, quedas de 11,7% (para US$ 6,6 bilhões) nas exportações brasileiras, e de 9,8% nas vendas chilenas ao Brasil. Essa queda é motivo de preocupação? O que deve ser feito em 2024 para a retomada consistente do fluxo comercial entre os dois países?

Hugo Corales: As oscilações nos volumes de vendas fazem parte do cenário global e os números, para o bem e para o mal, são apenas um reflexo da realidade que o comércio internacional atravessa, de compressões como os conflitos internacionais e outros fatores externos e pós-pandemia, que o Exchange calcula também bateu.

A resposta a este cenário é, precisamente, a implementação de atividades como este encontro de negócios, um espaço para as empresas se conectarem, darem a conhecer as suas ofertas, encontrarem novos fornecedores, procurarem novas alternativas, oferecerem novos produtos, expandirem-se para outras cidades do interior do país, gerar alianças comerciais.

Desta forma, consolida-se uma tendência positiva que já se arrasta há vários anos e que aponta para um crescimento sustentado das exportações do Chile para o Brasil. Apenas como exemplo, as exportações chilenas para o Brasil (incluindo cobre e lítio) tiveram um crescimento significativo, passando de US$ 3,3 bilhões em 2007 para US$ 4,6 bilhões em 2022. Isso representa um aumento de 37,8% em um período de 15 anos.

Comexdobrasil.com: Em matéria de investimentos diretos, Brasil e Chile são parceiros relevantes e o Brasil figura entre os principais destinos dos investimentos chilenos no exterior. O tema investimentos será um dos principais assuntos na etapa de São Paulo do Encontro Chile-Brasil. O momento atual (político, econômico, geopolítico, social etc.) dos dois países é favorável ao aumento dos investimentos bilaterais?

Hugo Corales: Em termos de investimentos, o Brasil é o principal mercado de destino dos investimentos chilenos no exterior, superando US$ 37 bilhões em estoque de investimentos, principalmente nas áreas de Serviços e Varejo, com empresas como LATAM, SONDA IT, CENCOSUD e SODIMAC. No âmbito industrial destacam-se empresas como CMPC, ARAUCO, BAILAC, DUCASSE e SIGDO KOPERS entre outras. A participação do emprego nos investimentos chilenos chega a 150 mil empregos diretos e outros 30 mil empregos indiretos, o que se traduz em um impacto relevante na imagem do País.

Comexdobrasil.com: As exportações chilenas de salmão e truta para o Brasil tiveram um aumento bastante expressivo no primeiro semestre deste ano, da ordem de 30%. Esse crescimento é sustentável? Nesse período, também cresceram, ainda que em um ritmo bem menos acentuado, as exportações de nozes e amêndoas. O Chile vê potencial para aumentar ainda mais as exportações desses produtos para o Brasil?

Hugo Corales: Na verdade, vemos muito potencial. Os números são positivos e a nossa expectativa é manter uma tendência ascendente, especialmente considerando que ainda há espaço para crescimento dentro da atual rede de distribuição, que é possível aceder a outras cidades do território brasileiro e, sobretudo, porque depois da pandemia se consolidou a preocupação por um estilo de vida mais saudável e por uma alimentação mais saudável e rica em nutrientes, benéficos para a saúde.

A oferta chilena adapta-se a estas necessidades e é capaz de responder com diversos produtos, também orgânicos, capazes de satisfazer essa procura. Não estamos falando apenas de salmão e frutas frescas, mas também de outros frutos do mar como mexilhões e nozes, avelãs e amêndoas que estão entrando lentamente no mercado brasileiro, conquistando espaço neste mercado. Acreditamos que o boca a boca, as recomendações dos próprios consumidores, além de ações promocionais conjuntas, sempre com o apoio das empresas e do setor privado, contribuirão para o crescimento desse setor aqui no Brasil.

Comexdobrasil.com: O ProChile conta atualmente com escritórios de representação em São Paulo, Brasília e Belo Horizonte. A instituição planeja expandir a sua rede de escritórios no Brasil?

Hugo Corales: O Brasil é um dos poucos mercados em que o ProChile possui mais de um escritório para atender à demanda de internacionalização das empresas chilenas. Neste mesmo grupo estão outros países como China, Índia, Estados Unidos e Canadá, para citar alguns exemplos.

No momento não se considera expandir esta rede de serviços aqui no Brasil, o que não significa que deixemos de apoiar desde São Paulo ou Belo Horizonte diferentes missões comerciais ou ações promocionais realizadas em outros estados. De resto, as principais feiras de alimentação, vinhos e mariscos e agora também feiras mineiras que acontecem no Brasil fazem parte da nossa agenda de trabalho para o ano de 2024 e são devidamente consideradas e cobertas pelas nossas equipes em São Paulo e Belo Horizonte.

Comexdobrasil.com: O Chile é um grande exportador mundial de frutas e vinhos. Quais são os dados mais recentes sobre essas exportações para o Brasil e para o mundo?

Hugo Corales: As exportações de produtos não-cobre e não-lítio do Chile para o Brasil entre janeiro e outubro deste ano acumulam US$ 2,1 bilhões, o que representa uma queda de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior. Porém, se considerados os embarques registrados apenas durante o mês de outubro, o valor sobe para US$ 264 milhões, o que significa um aumento de +22,5% em relação ao mesmo mês de 2022.

Segundo o relatório elaborado pelo ProChile, os produtos que mais cresceram no período foram Salmão e Truta (US$ 72 milhões, +28,8%), Produtos Químicos (US$ 40 milhões, +97,9%) e Molibdênios (US$ 21 milhões, +108%).

Da mesma forma, durante o mês de outubro, o Brasil se posicionou como o terceiro mercado de destino dos embarques agrícolas com US$ 39 milhões e um crescimento de +27,5%. Neste setor destacam-se os aumentos registados por produtos como as avelãs (US$ 6 milhões, +177,1%), o azeite (US$ 6 milhões, +63,3%) e os kiwis frescos (US$ 5 milhões, +9). ,9%).

As exportações globais de vinho chileno totalizaram US$ 1,27 bilhão, o que implica uma diminuição de -21,9% em relação ao ano anterior. Os subsetores que explicam essa queda são: Vinho Tinto, engarrafado, blends (US$ 321 milhões, -16,5%), Vinho Tinto, Cabernet Sauvignon, engarrafado (US$ 182 milhões, -31,0%) e Vinho Tinto a granel (US$ 123 milhões). milhões, -22,3%). Apesar desta queda, o subsetor que apresentou crescimento positivo foi Vinho tinto engarrafado, outros (US$ 19 milhões, +4,7%).

As exportações de vinhos para o Brasil no período totalizaram US$ 143 milhões, o que significa uma queda de -9,8%. Porém, apenas em outubro de 2023, o mercado com melhor desempenho foi o Brasil com embarques de US$ 18 milhões, +16,8% que outubro de 2022. O aumento é explicado pelas exportações de Vinho Tinto, blend engarrafado (US$ 8 milhões, +18,0 %) e vinho tinto, Cabernet Sauvignon, engarrafado (US$ 2 milhões, -2,1%).

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