Brasília (Comex-DF) – As exportações de carne suína, em outubro, de 63,03 mil toneladas, cresceram nada menos que 34,31% em volume, mas caíram 9,67% em valor, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína – ABIPECS.
No acumulado do ano, o Brasil exportou 511,76 mil toneladas, um aumento de 8,68% em relação a igual período de 2008, e obteve uma receita de US$ 1,02 bilhão, uma drástica redução de 23,20%.
A estimativa da ABIPECS é que o Brasil exportará, em 2009, volume pouco superior ao inicialmente estimado de cerca de 600 mil toneladas. Os mercados ainda são basicamente os mesmos. Fora a Rússia, que continua o principal cliente e para onde as exportações cresceram 12,23% de janeiro a outubro (228,59 mil toneladas), houve expansão nas vendas para outros grandes compradores: Angola,
de 50,80%, e Cingapura, de 27,64%.
Para Hong Kong, de janeiro a outubro, as exportações cresceram 8% em volume (101,25 mil toneladas), mas caíram 10% em receita. Outro tradicional mercado, a Ucrânia, elevou em cerca de 5% suas importações do Brasil no período. Os países africanos também se destacam em 2009: para a República Democrática do Congo, houve um aumento de 236% nos dez primeiros meses deste ano. Para a
Namíbia, de 289%, para o Senegal, de 125%, e para Moçambique, de 93%.
Os principais destinos da carne suína brasileira são Rússia, Hong Kong, Ucrânia, Cingapura e Angola. Na avaliação do presidente da ABIPECS, Pedro de Camargo Neto, os preços continuam deprimidos, mais de 30% inferiores em dólares na comparação com o ano passado, refletindo as crises financeira e setorial, que atingem os principais países produtores. “União Europeia, EUA e Canadá atravessam crise no setor de suínos parecida à do Brasil. A valorização do Real também tem forte impacto na rentabilidade das empresas e produtores”, analisa.
Quanto ao câmbio, as projeções econômicas divulgadas por diversos analistas não permitem vislumbrar uma alteração significativa. Mesmo a recente medida tomada pelo governo, ao tributar a entrada de recursos do exterior, teve impacto pequeno e talvez de curto prazo.
“A expectativa de termos que conviver, em 2010, com o Real valorizado somente reforça a urgência da imediata abertura de novos mercados com preços mais atraentes. É essencial que o governo federal dê total atenção aos diversos processos de abertura de mercados, garantindo a melhor tramitação possível”,
defende Camargo Neto.A União Europeia realizou, em outubro, missão veterinária ao estado de Santa Catarina e segundo informações preliminares, de caráter não oficial, os resultados dessa missão foram
positivos.
“É preciso garantir uma rápida tramitação desse processo e pedir urgência na visita já solicitada pelo Ministério da Agricultura aos estados vizinhos do Rio Grande do Sul e Paraná. Ambos estão preparados para receber a missão europeia”, diz. A Coreia do Sul realiza nesta semana sua primeira inspeção de
reconhecimento ao sistema de sanidade do setor de suínos de Santa Catarina. Porém, ainda é prematuro fazer qualquer prognóstico de abertura, comenta Camargo Neto.
Principais mercados
Com relação aos EUA e Japão, o processo iniciado em 2008 pelo APHIS, autoridade sanitária dos EUA, encontra-se paralisado, em clara demonstração de falta de prioridade do governo americano às demandas do Brasil. “Insistentes reclamações do governo brasileiro e da ABIPECS, realizadas em Washington e junto à Organização Mundial do Comércio, em Genebra, no sentido do correto andamento do processo burocrático, têm sido ignoradas.
Também o processo de abertura do mercado do Japão tem encontrado dificuldades na análise técnica do extenso questionário respondido pelo MAPA em março deste ano”, reclama. “O correto andamento desses processos é essencial para a estabilidade do setor de carne suína”, destaca Camargo Neto. O mercado da África do Sul continua fechado. Os demais países, que também pararam de importar do Brasil após o foco de febre aftosa em Eldorado (MS), em 2006, já reabriram.
“Essa anormalidade torna-se inconcebível diante da amizade entre os dois países e seus presidentes. Esperamos que o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) resolva de maneira definitiva essa questão por ocasião de sua visita a Johanesburgo, nesta semana”, aafirma o presidente da ABIPECS.
Mercado Interno: reação positiva
A ABIPECS registra que o mercado interno tem reagido de maneira positiva, com ligeiro aumento de consumo, apesar de os preços ainda não serem remuneradores. “Felizmente, porém, o setor não enfrenta acúmulo de estoques, e o período de final de ano, tradicionalmente, aumenta o consumo dos produtos de
suínos”, conclui Camargo Neto.
Com informações da assessoria de imprensa da ABIPECS