BSCA e BR Fair organizam concurso e leilão de cafés fair trade no Brasil

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Belo Horizonte – O Sebrae/MG mantém, desde 2008, um projeto para atender produtores familiares fair trade e, em 2012, através desta iniciativa, realizou o 1º Concurso de Cafés Especiais, em parceria com a Associação das Organizações de Produtores Fairtrade do Brasil (BR Fair), com foco na promoção dos cafés produzidos com base nos princípios, conceitos e critérios do comércio justo no País.

Para ampliar a agregação de valor desses produtos, o Sebrae/MG contratou a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês), devido ao reconhecimento nacional e internacional nos trabalhos focados em qualidade, para operacionalizar, em dezembro de 2012, o 1º Concurso de Qualidade BR Fair, em seu laboratório de provas e degustação, na cidade de Varginha (MG).

O certame contou com um júri formado por profissionais brasileiros, presidido por Wellington Pereira, da Cooperativa Regional dos Cafeicultores do Vale do Rio Verde (Cocarive). Após as análises, foram classificados nove lotes (cinco de café natural e quatro de cereja descascado/despolpado) para um leilão de compra realizado via internet.

O pregão ocorreu no dia 1º de março e teve como resultado preços bem acima dos oferecidos pelo mercado atualmente (planilha com o resultado completo em anexo). O lote campeão na categoria cereja descascado, por exemplo, teve cada uma de suas oito sacas negociadas por R$ 1.600,00, valor 425,72% superior ao fechamento do contrato com vencimento em maio de 2013 na Bolsa de Nova York no dia, que foi de US$ 1,4335 por libra-peso (equivalente a R$ 375,83 a saca). Já o vencedor na categoria café natural teve cada uma de suas 10 sacas comercializadas por R$ 1.300, o que correspondeu a um acréscimo de 345,90% sobre NY.

De acordo com Wellington Pereira, os lotes enviados para o concurso surpreenderam os juízes pela qualidade apresentada. “Percebemos atributos diferenciados, tanto nos cerejas descascados quanto nos naturais, com notas marcantes e after taste prazerosos dos cafés das diferentes regiões participantes, mesmo sendo um ano difícil para a qualidade dos grãos”, explica.

O presidente do júri destacou que os produtores fair trade conseguem fazer um café de excelente qualidade. “Isso nos mostra o interesse, o empenho e o envolvimento familiar na colheita e na pós-colheita para a obtenção de um café especial e, posteriormente, agregação de valor”, analisa.

Pereira recorda que há um grande caminho a ser percorrido pelos produtores de café fair trade no Brasil para que se obtenha mais qualidade. Contudo, ele comenta que existe muito espaço no mercado para esse tipo de produto e que a exigência pela qualidade dos cafés certificados de comércio justo tem aumentado anualmente.

 “A grande vantagem é que nossos cafeicultores estão focados nesse trabalho e aprendendo o caminho. Acredito que, nas próximas safras, teremos mais cafés fair trade de altíssima qualidade e mais produtores envolvidos no processo”, projeta.

A valorização dos cafés especiais e de comércio justo vem ao encontro da mentalidade das empresas que adquiriram os lotes no leilão, como a Carmo Coffees, compradora de sete dos noves disponíveis. “Somos fãs de projetos que motivam os cafeicultores a produzirem grãos especiais, assim, não importa seu tamanho, mas sim o quanto se dispõe a fazer algo diferente no produto e na propriedade. Esse é o fator relevante para entrarmos nos projetos, como este que envolve Sebrae/MG e BR Fair, e pelo qual pagamos os valores merecidos ao produtor. Cafés de alta qualidade não podem ser adquiridos de forma barata. Somos focados em produtos de alta complexidade e quando encontramos, sinceramente não perdemos”, destaca o proprietário Jacques Carneiro.

Luiz Paulo Dias Pereira Filho, sócio de Carneiro na Carmo Coffees, anota que a empresa é especializada no trabalho com pequenos produtores de microlotes de cafés especiais e que o foco é divulgá-los para todo o mundo. “Valorizar o cafeicultor diferenciado é o nosso objetivo. Visamos buscar uma saca que seja desse produtor e fazê-la chegar à ponta consumidora com valor agregado. Essa valorização no leilão fair trade é o que queremos passar ao pequeno agricultor, que tem que entender que o mundo está procurando um café com essas características e que não importa o tamanho de sua produção ou propriedade”, diz.

Dias Pereira projeta que o resultado do leilão do 1º Concurso de Qualidade BR Fair deverá servir de incentivo ao cafeicultor que se dedica a essa forma de cultivo. “O produtor de café especial e fair trade, independente de seu tamanho, precisa vir para o mercado, pois os compradores estão dispostos a pagar o preço por esse serviço. O trabalho de empresas como a nossa é exatamente fazer a ponte do café especial brasileiro para o exterior, evitando que se perca como commodity”, completa.

A gerente comercial da SMC Comercial e Exportadora de Café, Maria Dircéia Mendes, compradora dos outros dois lotes vencedores no leilão, explica que a intenção da empresa, mesmo não sendo totalmente dedicada aos microlotes, é motivar o pequeno produtor a continuar focando em qualidade.

“Acreditamos no potencial do mercado de cafés especiais e estamos cada vez mais nos aperfeiçoando nele. Nosso trabalho sempre é voltado à máxima agregação de valor ao cafeicultor, que é o principal responsável pela qualidade do produto”, destaca. Dircéia complementa citando que é neste nicho de mercado que a SMC pretende ampliar sua atuação e se tornar referência mundial de qualidade. “E para isso, são fundamentais iniciativas como esta que envolve, Sebrae/MG e BR Fair, a qual apoiamos”, finaliza.

Sobre a BR Fair

A Associação das Organizações de Produtores Fairtrade do Brasil é uma instituição sem fins lucrativos. Seu propósito é representar politicamente as organizações de pequenos produtores fair trade, cuja prática tem como base os princípios, conceitos e critérios do comércio justo, promovendo o seu desenvolvimento sociocultural, econômico e ambiental.

Fonte: Assessoria de Comunicação BSCA

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