Da Redação
Brasília – Em 2016, ou talvez ainda mesmo em 2015, a participação brasileira no comércio internacional deverá ficar abaixo de 1% e, apesar de ser hoje a sétima economia do mundo, o Brasil está se transformando em um anão do comércio mundial. Ano passado, o fluxo comercial brasileiro (exportações+importações) atingiu a cifra de US$ 454 bilhões. De janeiro a julho deste ano, com forte restrição tanto das exportações (-15,49%) quando das importações (-19,52%), o volume acumulado está em pouco mais de US$ 221 bilhões. Ao fim do ano deverá estar em um patamar significativemente inferior àquele registrado em 2014.
Na opinião de José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), as exportações devem fechar 2015 com queda de 15% em relação a 2014, alcançando US$ 191,3 bilhões, enquanto as importações deverão cair 20%, totalizando US$ 183,2 bilhões. Com isso, a participação brasileira no volume global de troca entre os países poderá ser de pouco mais de 1% , mas não está afastada a possibilidade de situar-se abaixo desse nível. Mantido esse ritmo de contração, em 2016 o Brasil será responsável por menos de 1% de todo o comércio global. Em 2011, essa participação chegou a 1,41%.
Os números relativos à participação do Brasil no comércio internacional são mesmo inquietantes. De acordo com levantamento feito pelo Banco Mundial, em 2014, as exportações brasileiras representaram 11,5% do Produto Interno Bruto do País. Foi o sexto menor percentual num universo de 150 países pesquisados pela instituição. O Brasil só ficou à frente do Afeganistão, Burundi, Sudão, República Centro-Africana e Kiribati, e muito abaixo da média global, de 29,8% de exportações em relação ao PIB.
E ante a queda constante dos preços das commodities nos mercados internacionais, a posição do Brasil nesse ranking tende a ser ainda mais modesta nos próximos anos. Analistas do comércio exterior acreditam que em 2015 o Brasil poderá fechar a balança comercial com um superavit entre US$ 10 bilhões e US$ 12 bilhões, contra um deficit de US$ 4,045 bilhões registrado em 2014. Entretanto, é preciso ter em conta que esse saldo somente será possível graças a uma severa contração das importações.
Outro detalhe: os dez principais produtos da pauta exportadora brasileira são commodities. O primeiro produto industrializado a figurar na lista, são os aviões, um item que estimula a cadeia produtiva, agrega alto valor, gera empregos qualificados e difunde uma imagem altamente positiva do País no exterior.
Os principais clientes dos produtos brasileiros no exterior –China, Estados Unidos, Países Baixos, Alemanha e Rússia- importam 53% de todo o volume negociado pelo Brasil mas concentram suas compras em produtos básicos como soja, carnes, café, produtos florestais e fumo.