Da Redação
Brasília – Comércio bilateral, investimentos e cooperação são alguns dos temas a serem tratados por autoridades governamentais e empresários brasileiros e iranianos durante o Fórum de Negócios Brasil-Irã, nos dias 17 e 18 de novembro, em Brasília. De acordo com informações extra-oficiais, a delegação iraniana ao evento deverá ser chefiada por um ministro de Estado, mas o nome da autoridade que virá ao Brasil para participar do evento e manter contatos com os ministros José Serra (Relações Exteriores) e Marcos Pereira (Indústria, Comércio Exterior e Serviços) ainda não foi confirmado pela embaixada iraniana.
A vinda da missão iraniana acontece quase dez meses depois que o então ministro Armando Monteiro (do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) visitou Teerã acompanhado por um grupo de mais de 60 empresários brasileiros.
Ao voltar ao Brasil, o ministro Monteiro afirmou que os dois países pretendiam elevar o fluxo de comércio bilateral para US$ 5 bilhões num prazo de até cinco anos. Refeitas as contas, técnicos do MDIC acreditam que o intercâmbio comercial poderá alcançar essa cifra dentro de no máximo dois anos. Para este ano, a expectativa é de que o comércio bilateral deverá ultrapassar a cifra de US$ 2,5 bilhões, a melhor marca registrada em mais de duas décadas.
No que diz respeito ao comércio bilateral, os representantes do governo iraniano devem aproveitar a viagem a Brasília para defender o aumento das trocas comerciais em bases mais equilibradas. Este ano, de janeiro a setembro, as exportações brasileiras para o Irã totalizaram US$ 1,781 bilhão, com uma alta de 51,52% comparativamente com igual período do ano passado.
Em contrapartida, apesar de terem registrado um aumento de impressionantes 1.200%, as vendas iranianas para o Brasil somaram apenas US$ 37 milhões. O que se pretende discutir no Fórum de Negócios é como aumentar o intercâmbio e torná-lo mais equilibrado.
Do lado brasileiro, há um claro interesse em ampliar a participação dos produtos industrializados, de maior valor agregado, na pauta exportadora para o Irã. De janeiro a setembro apenas quatro commodities foram responsáveis por 83,94% de todo o volume embarcado pelo Brasil para aquele país. São eles milho (US$ 618 milhões e participação de 35,69%), soja US$ 461 milhões e 26,63%), carne bovina (US$ 241 milhões, correspondentes a 13,90% do total exportado) e outros açúcares de cana (US$ 175 milhões e participação de 10,12% nas vendas ao Irã).
Ao Brasil interessa não apenas manter mas, sobretudo, ampliar as exportações de commodities para o Irã. Mas também interessa aumentar os embarques de bens industrializados como aviões, automóveis, máquinas e implementos e também serviços.
Na opinião de técnicos do MDIC, o aumento da participação de itens de alto valor é fundamental para que os dois países explorem melhor as potencialidades de suas economias complementares e alcancem e até mesmo ultrapassem a barreira dos US$ 5 bilhões já em 2018.
Por outro lado, o Irã defenderá um maior equilíbrio nas trocas bilaterais a ser alcançado através do aumento das exportações para o Brasil. O Irã quer expandir as vendas de petróleo, gás natural, ureia, fertilizantes, uvas secas, pistache, tâmaras e tapetes, entre outros produtos.
Ano passado, as vendas iranianas somaram pouco mais de US$ 3 milhões e este ano, de janeiro a setembro, os embarques ultrapassaram a marca de US$ 36 milhões, cifra que, na visão dos iranianos, encontra-se muito aquém do volume de bens que uma economia dotada de um grau de desenvolvimento como a iraniana pode exportar para um país como o Brasil.