Alexandre Rocha/ANBA
Riad – A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e o vice-presidente do setor de alimentos da Autoridade Saudita de Alimentos e Medicamentos (SFDA, na sigla em inglês), Salah Almaiman, assinaram nesta segunda-feira (09) um certificado sanitário internacional para por fim ao embargo às exportações brasileiras de carne bovina à Arábia Saudita, vigente desde o final de 2012. O governo do país árabe deverá baixar um decreto ainda nesta segunda-feira levantando a proibição.
“Este é um momento muito importante para o Brasil”, disse a ministra durante reunião com o CEO da SFDA, Mohammed Almeshal, na sede da entidade, em Riad. “Após três anos, comemoramos o fim do embargo com todos os países”, acrescentou. Depois da decisão saudita, o setor espera que os vizinhos Catar, Bahrein e Kuwait sigam o mesmo caminho e, segundo Abreu, o governo acredita que o embargo imposto pelo Japão será encerrado até dezembro.
A ministra destacou que o Brasil não é apenas grande produtor e exportador de carne, mas de diversos gêneros alimentícios e, nesse sentido, a sanidade dos produtos é uma prioridade para o País. Em época de ajuste fiscal, ela garantiu que não haverá nenhum corte no orçamento da área de defesa agropecuária, o que dá crédito à produção brasileira no mercado interno e no mundo. “Queremos avançar neste reconhecimento”, afirmou.
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Almeshal, por sua vez, lembrou que a Arábia Saudita tem grande déficit de alimentos, e precisa importar muito para garantir o abastecimento da população. Ele declarou que o embargo à carne brasileira criou dificuldades também à nação árabe, pois inflacionou o mercado, e brincou que se os exportadores tiverem produto disponível, já podem começar a enviar. “Todos os obstáculos estão superados”, disse.
A Arábia Saudita proibiu a importação quando o governo brasileiro informou que um bovino do rebanho do Paraná, morto em 2010, era portador do agente causador da encefalopatia espongiforme bovina, o mal da vaca louca. O animal, porém, não chegou a desenvolver a doença e não morreu por causa dela. O caso foi considerado “atípico” e a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) manteve o status do Brasil como país com risco “insignificante” de ocorrência da enfermidade.
A reunião entre Abreu e Almeshal foi acompanhada por representantes de companhias do ramo e de representantes de entidades empresariais, entre elas a Câmara de Comércio Árabe Brasileira. O setor estima que as exportações à Arábia Saudita podem somar US$ 160 milhões anuais.
Alexandre Rocha/ANBA
O presidente da Câmara Árabe, Marcelo Sallum, comemorou a decisão saudita. “Depois de três anos, esta conquista deve ser bastante comemorada pela Câmara, pelo governo brasileiro e por toda a cadeia produtiva do setor”, afirmou. “A suspensão do embargo foi possível graças ao empenho e ao trabalho coordenado da Câmara, da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) e do Ministério da Agricultura, e contou com a colaboração dos funcionários da SFDA e das embaixadas do Brasil em Riad e da Arábia Saudita em Brasília”, acrescentou.
Para ele, com a liberação das vendas para outros países do Golfo, na esteira da Arábia Saudita, as exportações à região poderão chegar à casa dos US$ 200 milhões anuais.
Sallum ficou especialmente feliz porque o anúncio ocorreu logo após o 4ª Fórum Empresarial América do Sul-Países Árabes, realizado neste domingo (08), em Riad, e um dia antes do início da 4ª Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), que vai ocorrer na terça (10) e na quarta-feira (11), também na capital saudita.
“A assinatura do certificado fecha com chave de ouro o 4º Fórum Empresarial América do Sul Países-Árabes e antecede a 4ª Cúpula Aspa, o que mostra boa vontade e grande interesse da Arábia Saudita em ampliar os negócios e as parcerias com o Brasil”, concluiu o presidente da Câmara Árabe.