Da Redação (*)
Brasília – As exportações brasileiras para os demais participantes do Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul) totalizaram US$ 33,1 bilhões de janeiro a junho, com uma alta de 5,4% em comparação com o mesmo período de 2017, quando as vendas para esses quatro países atingiram a cifra de US$ 31,4%. Por outro lado, as importações brasileiras somaram, neste ano, US$ 18,3 bilhões, e o intercâmbio comercial gerou para o Brasil um superávit de US$ 14,8 bilhões nos seis primeiros meses deste ano. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Os chefes de Estado dos Brics participam da 10º reunião de Cúpula do Brics, em Joanesburgo, na África do Sul, e nos debates já realizados ficou evidente a mudança de agenda do bloco.
A agremiação dos países foi diplomaticamente criada, no esteio da crise financeira internacional de 2008, com o objetivo de aumentar atuação e o poder de voto dos países emergentes em organismos multilaterais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
“A associação tinha objetivo principal de reformar as instituições de governança financeira globais”, lembra Guilherme Casarões, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas.
Segundo o especialista, em vez daquela agenda, os países adotaram a defesa do comércio multilateral e avançaram na criação do Novo Banco do Desenvolvimento, chamado “Banco do Brics”, que poderá ter escritório regional em São Paulo após decisão na reunião de cúpula.
Para Casarões, o Brics “não é um bloco a reboque da China”, mas a desigualdade das economias limita o potencial de comercialização entre os parceiros. A pauta de exportação do Brasil, por exemplo, se destaca pelo predomínio de produtos de menor valor agregado como carne, soja e minério de ferro.
Na avaliação de Casarões, o momento político do Brasil, com eleições marcadas para 7 de outubro, retira “margem de manobra” dos atuais negociadores. “A incerteza eleitoral torna muito difícil que o Brasil assuma posições definitivas como a disputa entre a China e os Estados Unidos”, assinala.
O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge de Lima, admite que o destino político do Brasil “causa curiosidade”, mas aos interlocutores que indagam sobre a perenidade das políticas comerciais lembra que “a burocracia é sólida, formada por carreiras públicas como corpo diplomático e de comércio exterior, que continuará trabalhando com a visão de Estado. A orientação é continuar avançado”.
(*) Com informações da Agência Brasil