São Paulo – O valor negociado com a importação de bens de capital sofreu uma redução de 6,7% nos primeiros sete meses do ano, caindo de US$ 30.185,1 milhões para US$ 28.173,4 milhões. Partes e peças para a indústria agrícola e maquinaria industrial foram os itens mais impactados, com queda de 19,2% e 17,2%, respectivamente.
O volume financeiro negociado nesses itens corresponde a US$ 152,5 milhões ante US$ 188,7 milhões (partes e peças agrícolas) e US$ 8.077,2 ante US$ 9.752, 5 milhões (maquinaria industrial). Máquinas-ferramenta registraram baixa de 3,2%, diminuindo de US$ 163,2 milhões para US$ 158 milhões. A importação de partes e peças para a indústria cresceu 5,1% no período, movimentando US$ 5.015,3 milhões de janeiro a julho de 2014 ante US$ 4.773,5 milhões em igual período de 2013.
Os dados fazem parte do boletim Avaliação e Perspectivas da Economia Brasileira, realizado pelo economista e professor do Insper, Otto Nogami, consultor da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei). O boletim analisa os dados já consolidados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e Câmara do Comércio Exterior (Camex) até 15 de setembro. O documento destina-se a orientação dos importadores de máquinas-ferramenta e equipamentos industriais associados da Abimei.
O setor vem sofrendo perdas significativas desde 2011, quando apresentou recuperação de 10% sobre o ano anterior. De lá para cá, segundo Ennio Crispino, presidente da Abimei, o ritmo da atividade só vem diminuindo: caiu cerca de 20% em 2012 e 20% em 2013. Ao mesmo tempo, a produção industrial brasileira teve queda de 2,7% em 2012 e pequena alta de 1,2% em 2013. Nos primeiros sete meses de 2014 o setor industrial acumulou queda de 2,8%, intensificando o recuo registrado até junho (-2,6%). Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Freios na atividade
Além do baixo crescimento da indústria, as medidas protecionistas adotadas pelo Governo, como o aumento do imposto de importação de centros de usinagens e redutores e afins, de 14% para 20%, em vigor desde julho, colaboraram para frear os negócios no setor.
Com o parque de máquinas envelhecido – a idade média das máquinas na indústria de transformação brasileira é de 17 anos, enquanto na Alemanha é de apenas 4 anos e 7 anos nos Estados Unidos, segundo a Abimaq – é impossível manter níveis de competitividade capazes de concorrer com o mercado global. A saída encontrada por muitos fabricantes de máquinas foi introduzir progressivamente componentes importados nos produtos do seu portfólio, o que é demonstrado no aumento da importação de partes e peças para bens de capital.
Outro recurso adotado por muitos industriais para manter a atividade foi trazer produtos totalmente manufaturados fora do Brasil, para incorporar às suas linhas de equipamentos. “A indústria nacional de máquinas não possui escala que justifique a fabricação de determinados tipos de máquinas e também, muitas vezes, não detém a necessária tecnologia para produzi-los em suas fábricas locais, daí lança mão das importações para completar portfólio”, afirma Crispino.
A inflação acumulada em 12 meses já supera os 6,5%, mas, segundo o professor Otto Nogami, deverá encerrar o ano perto no teto da meta, em 6,3%, recuando 0,2% até dezembro. As altas que vem ocorrendo no mercado de câmbio se devem, em grande parte, a não intervenção do Banco Central, “que tem dado margem para todo tipo de especulação, gerando volatilidade acima do desejado”. O economista lembra, porém, que a desvalorização da moeda nacional tem acompanhado o movimento de desvalorização de outras moedas de países emergentes.
Fonte: Abimei