Balança comercial fecha 2013 com superávit de US$ 2,561 bilhões, o pior resultado em treze anos

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Da Redação (*)

Brasília – A balança comercial brasileira registrou em 2013 um superávit de US$ 2,561 bilhões, o pior resultado desde o ano 2000, quando fechou o ano negativa em US$ 731 milhões, segundo dados divulgados hoje (2) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O resultado anual ficou bem abaixo do ano anterior, quando tinha somado US$ 19,396 bilhões. O saldo de 2013 é 87% menor que o de 2012.

Em 2013, as exportações brasileiras totalizaram US$ 242,178 bilhões, queda de 1% ante 2012, enquanto as importações subiram 6,5%, para US$ 239,617 bilhões, pela média por dia útil, de acordo com dados do Ministério. Em dezembro apenas, o saldo ficou positivo em US$ 2,654 bilhões..

A piora no saldo comercial brasileiro em 2013 é atribuída a dois fatores preponderantes. O primeiro se deve – mesmo com o desconto dos registros atrasados – ao comportamento da balança de petróleo, específico de 2013. O segundo decorre do crescimento das importações em contraste com a estagnação das exportações, tendência do comércio exterior brasileiro nos últimos anos.

A balança de petróleo e derivados, que estima-se que tenha carregado US$ 4,5 bilhões em importações de petróleo e derivados realizados em 2012 para 2013, foi o setor que mais deprimiu os superávits entre um ano e outro. Fernando Ribeiro, técnico de pesquisa e planejamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), salienta que o petróleo “jogou contra” no ano passado.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), até a terceira semana de dezembro de 2013, as importações cresceram 6,5%, enquanto as exportações recuaram 1,2%, em valor, apesar da ajuda “extra” dada pelas plataformas de petróleo, que apesar de serem produzidas no Brasil entram na contabilidade do comércio exterior como uma exportação.

“A importação acompanhou o crescimento da economia. A indústria, principalmente, demandou muito mais bens intermediários, enquanto nossas exportações têm ido mal há um tempo. Outro elemento que alimentou essa assimetria foi a queda média de 2% nos preços dos produtos embarcados”, diz Ribeiro, do Ipea.

E até mesmo onde ocorreu aumento em volume das vendas ao exterior, o efeito foi reduzido pela queda de preço. Nos cálculos da GO Associados, o preço da soja – segundo produto mais exportado – caiu 5% em 2013 em relação ao ano anterior. O café teve recuo de 15%, o milho de 17% e o açúcar de 19%, sempre olhando para o mercado internacional. O minério de ferro manteve o volume embarcado, mas o preço caiu em média 2%.

O economista destaca que “do lado dos manufaturados, vendemos mais veículos à Argentina. Mas não dá para contar com isso em 2014, pois o comportamento do governo argentino é difícil de prever. Não fosse a desvalorização cambial, que ajudou um pouco alguns produtos com maior valor agregado, dificilmente iríamos manter o mesmo nível de exportação em relação a 2012”, afirma o diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fabio Silveira.

Na opinião de Fábio Silveira, o total da exportação deve atingir US$ 240 bilhões em 2013. “O problema é que estamos importando em um ritmo alto ainda que o consumo esteja desacelerando. O saldo da balança em 2011 foi de US$ 30 bilhões, em 2012 caiu para US$ 19 bilhões e no ano passado ficou próximo do zero. Isso mostra que por um lado estamos com oferta interna insuficiente, enquanto por outro vimos o início de ciclo de redução gradual dos preços das commodities.”

Resultados gerais: dezembro de 2013

 

No mês, a exportação alcançou cifra de US$ 20,846 bilhões e segunda melhor média diária para meses de dezembro de US$ 992,7 milhões, superada apenas por dezembro de 2011 (US$ 1,006 bilhão). Sobre dezembro de 2012, as exportações registraram crescimento de 0,5%, e retração de 4,8% em relação a novembro de 2013, pela média diária.

As importações totalizaram US$ 18,192 bilhões. Sobre igual período anterior, as importações registraram retração de 1,0%, e de 9,4% sobre novembro de 2013, pela média diária.No período, a corrente de comércio alcançou valor de US$ 39,038 bilhões. Sobre igual período do ano anterior apresentou queda de 0,2%, pela média diária.

O saldo comercial do mês registrou superávit de US$ 2,654 bilhões, valor 18,3% superior ao mesmo período de 2012, de US$ 2,243 bilhões.

Análise do mês: Exportações

No mês, as exportações de produtos manufaturados (US$ 8,889 bilhões) registraram cifra recorde para meses de dezembro; já os básicos e os semimanufaturados alcançaram valores de US$ 8,797 bilhões e US$ 2,741 bilhões, respectivamente. Sobre o ano anterior, cresceram pela média diária as exportações de manufaturados (+15,3%), enquanto decresceram as vendas de básicos (-9,7%) e semimanufaturados (-4,7%).

No grupo dos manufaturados, quando comparado com novembro de 2012, cresceram as vendas principalmente de: plataforma p/extração de petróleo (de zero para US$ 1,2 bilhão), tratores (+50,3%, para US$ 135 milhões), automóveis de passageiros (+37,1%, para US$ 487 milhões), motores para veículos e partes (+36,2%, para US$ 215 milhões), suco de laranja não congelado (+29,9%, para US$ 126 milhões), aviões (+23,6%, para US$ 809 milhões), veículos de carga (+20,2%, para US$ 190 milhões), calçados (+5,1%, para US$ 108 milhões) e óxidos e hidróxidos de alumínio (+1,8%, para US$ 174 milhões).

No grupo dos básicos retrocederam principalmente: algodão em bruto (-62,9%, para US$ 86 milhões), café em grão (-38,7%, para US$ 346 milhões), petróleo em bruto (-27,0%, para US$ 1,8 bilhão), milho em grão (-25,0%, para US$ 607 milhões), carne de frango (-21,8%, para US$ 534 milhões), fumo em folhas (-15,4%, para US$ 133 milhões) e carne suína (-4,0%, para US$ 91 milhões).

Por outro lado cresceram as vendas de bovinos vivos (+159,1%, para US$ 105 milhões), minério de cobre (+98,8%, para US$ 288 milhões), carne bovina (+26,9%, para US$ 518 milhões), minério de ferro (+8,6%, para US$ 3,2 bilhões) e farelo de soja (+4,6%, para US$ 506 milhões).

Quanto aos semimanufaturados, as retrações ocorreram, principalmente, por conta de açúcar em bruto (-22,7%, para US$ 797 milhões), semimanufaturados de ferro/aço (-22,1%, para US$ 195 milhões), celulose (-7,2%, para US$ 484 milhões) e ouro em forma semimanufaturada (-1,2%, para US$ 141 milhões). Por outro lado, cresceram as vendas de catodos de cobre (+427,6%, para US$ 135 milhões), ferro-ligas (+51,1%, para US$ 233 milhões), óleo de soja em bruto (+49,6%, para US$ 75 milhões), couros e peles (+22,4%, para US$ 238 milhões), ferro fundido (+18,6%, para US$ 124 milhões) e alumínio em bruto (+16,8%, para US$ 90 milhões).

Por mercados compradores, cresceram as vendas para os seguintes blocos econômicos: América Latina e Caribe, exceto Mercosul (+58,5%, por conta de plataforma para extração de petróleo, motores e turbinas para aviação e suas partes, laminados planos e veículos de carga), Europa Oriental (+12,4%, por conta aviões, ferro-ligas, açúcar em bruto, carne bovina, café solúvel, calçados e carne suína), Oriente Médio (+8,8%, principalmente por conta de ouro em forma semimanufaturada, farelo de soja, bovinos vivos, óxidos e hidróxidos de alumínio, minério de ferro e carne bovina), Estados Unidos (+7,2%, por conta de suco de laranja, açúcar em bruto, motores e turbinas para aviação e suas partes, aviões, petróleo em bruto, obras de mármore e granito, ferro fundido e semimanufaturados de ferro/aço) e Mercosul (+5,8%, sendo para Argentina a queda foi de 3,2%, pelas diminuições de laminados planos, autopeças, motores para veículos, aparelhos transmissores/receptores, bombas e compressores, polímeros plásticos e motocicletas).

Os demais blocos apresentaram retrações, a saber: África (-18,0%, em decorrência de trigo em grão, etanol, carnes, açúcar em bruto e refinado, aviões e minério de ferro), Ásia (-10,3%, sendo que para China a queda foi de 0,5%, para US$ 3,3 bilhões, pela diminuição nas exportações de mates de cobre, soja em grão, algodão em bruto, hidrocarbonetos, minérios de manganês, petróleo em bruto, polímeros plásticos e carne de frango) e União Europeia (-4,8%, por conta de óleos combustíveis, celulose, café em grão, ouro em forma semimanufaturada, açúcar em bruto, petróleo em bruto e farelo de soja).

Em termos de países, os cinco principais compradores foram: 1º) China (US$ 3,341 bilhões), 2º) Estados Unidos (US$ 2,221 bilhões), 3º) Argentina (US$ 1,368 bilhão), 4º) Panamá (US$ 1,189 bilhão) e 5º) Países Baixos (US$ 1,160 bilhão).

 

Importações

No mês, cresceram as importações de combustíveis e lubrificantes (+13,8%) e bens de capital (+2,7%), enquanto decresceram as compras de matérias-primas e intermediários (-6,2%) e bens de consumo (-5,0%).No grupo dos combustíveis e lubrificantes, o crescimento ocorreu principalmente pelo aumento dos preços e das quantidades embarcadas de petróleo e óleos combustíveis.Com relação a bens de capital, cresceram os seguintes itens: maquinaria industrial e partes e peças para bens de capital para indústria.

No segmento de matérias-primas e intermediários, retrocederam as aquisições de matérias-primas para agricultura, produtos minerais, produtos agropecuários não alimentícios, acessórios de equipamento de transporte e produtos químicos/farmacêuticos.No segmento bens de consumo, as principais quedas foram observadas nas importações de bebidas e tabacos, produtos de toucador, partes e peças de bens de consumo duráveis, automóveis de passageiros, produtos alimentícios e objetos de adorno.

Por mercados fornecedores, na comparação dezembro 2013/2012, decresceram as compras originárias dos principais blocos econômicos: Europa Oriental (-57,1%, pelas quedas de petróleo em bruto, adubos e fertilizantes, carvão e motores e geradores), Mercosul (-28,3%, sendo que da Argentina foi de -28,5%, por conta de gás, trigo em grão, petróleo em bruto, farinha de trigo, automóveis de passageiros, naftas, autopeças e veículos de carga), África (-9,6%, por conta de gás, ureia, fosfatos, naftas, inseticidas e carvão), União Europeia (-4,3%, por conta de gás natural, minério de cobre, máquinas para elevação de carga, compostos heterocíclicos, bombas e compressores e medicamentos) e América Latina e Caribe, exceto Mercosul (-1,8%, por conta de instrumentos médicos, produtos de perfumaria, cimentos hidráulicos, obras de plástico e rolamentos e engrenagens).

Por outro lado, cresceram as compras da Oriente Médio (+38,1%, por conta de querosene de aviação, óleos lubrificantes, aparelhos/instrumentos médicos, compostos organo-inorgânicos, polímeros plásticos, ureia e petróleo em bruto), Ásia (+18,0%, sendo que da China cresceu 5,3%, por conta de aparelhos transmissores/receptores e suas partes, circuitos impressos, compostos organo-inorgânicos, brinquedos, aparelhos de ar condicionado, motores e geradores elétricos, e bombas e compressores) e Estados Unidos (mantiveram-se estáveis por conta de trigo em grão, gás, aviões, óleos combustíveis, medicamentos, adubos e fertilizantes, inseticidas e motores/turbinas para aviação e partes).

Em termos de países, os cinco principais fornecedores foram: 1º) China (US$ 2,794 bilhões), 2º), Estados Unidos (US$ 2,809 bilhões), 3º) Alemanha (US$ 1,212 bilhão), 4º) Argentina (US$ 1,176 bilhão) e 5º) Nigéria (US$ 873 milhões).

(*) Com informações do MDIC

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