Imagem de Kampus Production por Pexels

Azeite espanhol tem disparada de preços

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Seca intensa na Espanha prejudicou a produção de azeitonas

Ingrediente essencial para diversos pratos, o azeite vive uma escalada de preços, especialmente os espanhóis. Somente neste ano, o produto europeu subiu mais de 70% e não foi por livre decisão dos produtores.

Desde 2022, a Espanha enfrenta as faltas de chuva. Como a produção está menor e a demanda segue em ritmo normal, a lei da oferta e da procura ajusta os preços lá para cima em todo o mundo. Isso porque o país da península ibérica produz cerca de 45% do consumo global.

Mudanças climáticas no centro da causa

Por ter um clima mediterrâneo, a Espanha costuma viver épocas de estiagem intercaladas com períodos de chuvas. Este ano, porém, assim como em 2022, a fase de seca está se prolongando além do habitual. Segundo dados das Organizações das Nações Unidas (ONU), as médias de temperaturas em países dessa região estão subindo 20% mais rapidamente do que no restante do mundo, o que requer atenção. Além da falta de chuvas e das fortes ondas de calor, as províncias do Sul da Espanha, onde se produz a maior parte do azeite, estão enfrentando desafios para controlar a utilização de água.

Por conta dos aumentos nos preços, os espanhóis já reduziram em 10% o consumo do produto, e estão substituindo por outros óleos, incluindo o de girassol. As exportações também estão afetadas por terem menos oferta. Em geral, o país exporta cerca de 65% do que produz.

Mercado brasileiro

Enquanto a Espanha sofre com a falta de chuvas, a principal região produtora de azeites no Brasil enfrenta o excesso dela. No Rio Grande do Sul são produzidos os melhores óleos extraídos da azeitona. Este ano que tinha tudo para alavancar as vendas brasileiras, por conta da demanda global, também sofreu um baque pelas mudanças climáticas.

Um dos exemplos é o Capolivo, um das marcas que entrou na lista Flos Olei 2024 como um dos melhores azeites do mundo. Vale notar que para chegar ao veredito não é apenas o paladar que é testado. Os especialistas realizam testes para avaliar a pureza do produto que, em alguns casos, pode até envolver a titulação – técnica para medir a quantidade de uma substância em uma solução.

Além do Capolivo, o guia, que contém os 500 melhores azeites do mundo, cita outros 11 brasileiros. Do total listado, 10 são gaúchos. A região também é uma grande produtora de vinhos, leite e trigo. O excesso de chuva tem prejudicado a agricultura local como um todo.

Expectativa para 2024

Seja na Europa ou no Brasil, a expectativa é que a produção melhore em 2024. Porém, ainda não há indícios de que os preços irão baixar tão cedo.

No país ibérico inclusive há empresas de private equity de olho nas fazendas e em técnicas para aumentar a produção. Uma modernização do setor, incluindo irrigação mais eficiente, pode ajudar a crescer a oferta, sem depender 100% das condições climáticas.

Por sua vez, no Brasil, existe uma confiança de que a safra de 2024 na Serra da Mantiqueira seja melhor do que em 2023. A região que inclui Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro tem aumentado a sua produção nos últimos anos e pode ser uma forte concorrente do Rio Grande do Sul em breve.

Por sua vez, o Sul espera climas mais estáveis para a próxima temporada. Vale lembrar que um dos fatores que agravou os efeitos das mudanças climáticas em 2023 foi a presença do El Niño – fenômeno atmosférico que causa um aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico. Embora a costa brasileira seja do Oceano Atlântico, o evento causado nessa outra região também tem efeitos no país, incluindo secas onde a chuva é mais habitual e vice-versa.

Enquanto a Espanha continua sendo líder na produção de azeite, qualquer mudança significativa no país afeta o consumo do produto no restante do mundo. Em 2023, a seca no Sul do país, onde está grande parte da safra espanhola, prejudicou a oferta, fazendo com que os preços aumentassem. Por conta disso, muitos espanhóis já estão trocando o ingrediente por outro nas receitas. No Brasil, os azeites do Rio Grande do Sul poderiam ser os substitutos, porém, chuvas intensas também causaram danos nas safras brasileiras.

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