Atrito: como combater esse inimigo das cadeias de suprimentos modernas?

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Eric Fullerton (*)

Em meio à rápida evolução das cadeias de suprimentos, existe um adversário persistente que todas as empresas devem enfrentar: o atrito. No contexto da logística, ele se refere aos processos manuais e ao esforço humano que ocorre ao tentarmos entregar mercadorias aos seus destinos finais no prazo esperado. O atrito nos embaraça, cria atrasos e aumenta o risco de erros humanos. São elementos que tornam o trabalho dos profissionais do supply chain mais difícil do que o necessário.

Mais especificamente, o atrito relaciona-se a fatores como inúmeros processos manuais; grandes volumes de esforço humano e erro; complexidade existente em redes de cadeia de suprimentos; práticas de comunicação e fluxos de trabalho ineficientes; e perturbação da experiência das cadeias de suprimentos devido a condições meteorológicas extremas, conflitos políticos, escassez de mão-de-obra e convulsões sociais, entre outros elementos de distúrbio.

O atrito tem muitas faces. Mas, por ora, concentremo-nos em algumas áreas-chave onde ele se manifesta: na visibilidade, na execução do transporte, nos pátios e instalações e na etapa final das entregas (“last mile”). Embora a lista esteja longe de abranger todas as áreas em que o problema ocorre, ela já rende bastante conversa.

Primeiro, é importante identificarmos de onde vem o atrito. Suponhamos que a sua equipe seja responsável por executar atividades manuais de rastreamento, não obstante elas sejam demoradas e não forneçam visibilidade real das informações de que você precisa – um ETA (horário de chegada) preciso ou impacto potencial no cliente para notificação das partes envolvidas nas etapas posteriores.

Isso dificulta a obtenção de uma visão clara do inventário em movimento, requerendo uma série de cálculos complexos e matemática confusa, referenciando seu sistema de gerenciamento de pedidos e TMS para tentar traduzir eventos de remessa em estoque e pedidos.

Atrasos e exceções inesperadas tendem a surgir, prejudicando ainda mais a visibilidade. Nesse ponto, costumam brotar as dúvidas: por que esses atrasos ocorreram? Quais são as exceções? E o mais importante: como resolvê-los?

Isso não é tudo. Mercadorias danificadas e multas imprevistas são bastante comuns no ciclo de vida das remessas, atingindo o negócio onde mais dói. Superar tais obstáculos para reestocar e reenviar demanda um sistema dinâmico de execução de transportes.

No entanto, o atrito ataca novamente. O desempenho inconsistente das transportadoras, os processos demorados para identificar faixas e transportadoras ideais e as lacunas de visibilidade tornam o transporte uma tarefa hercúlea.

Além disso, a falta de análises precisas do desempenho da transportadora significa que é quase impossível tomar decisões com base na percentagem de pontualidade para uma determinada região ou no potencial impacto de emissões de carbono.

As instalações, muitas vezes consideradas o coração das cadeias de abastecimento, também não são poupadas. Pátios repletos de processos manuais tornam-se pontos de estrangulamento. Os erros proliferam, os custos laborais aumentam devido a ineficiências no planeamento e gargalos são criados pela incapacidade de gerir rapidamente os compromissos. Esses congestionamentos podem levar a atrasos substanciais, comprometendo mais uma vez a visibilidade do inventário.

E para as empresas que entregam diretamente aos consumidores, a última milha apresenta ainda mais desafios. À medida que a complexidade aumenta, também aumentam as exceções, e os consumidores exigentes esperam atualizações de pedidos precisas e frequentes. Se as empresas vendedoras ficam aquém, seus call centers ficam sobrecarregados, suas equipes de atendimento ao cliente ficam mais atribuladas e resolver cada solicitação se tornará um empreendimento caro.

A solução de alta velocidade

Mas há esperança no horizonte, na forma do supply chain de alta velocidade – uma abordagem transformadora que acena à eliminação do atrito e à redefinição da eficiência das cadeias de suprimentos. A aplicação de machine learning e a automatização de processos nos principais pontos de atrito permitem que as equipes das empresas atuem de forma mais ágil e com mais confiança.

Isso requer evoluções de uma cobertura única e regional para uma visibilidade global, de ponta a ponta; do uso de dados de alta latência para o uso de insights em tempo real; das operações manuais ineficientes no pátio para instalações conectadas e inteligentes; do gerenciamento legado do transporte para fornecimento e execução dinâmicos; e da transição de painéis e relatórios estáticos para análises preditivas e prescritivas.

Ao implementar uma plataforma de cadeia de suprimentos de alta velocidade, as empresas podem obter remessas e visibilidade de estoque incomparáveis em todos os modais, identificando possíveis atrasos com precisão cirúrgica. Isso não apenas minimiza multas e taxas, mas também otimiza o início de novas remessas, agiliza as operações no pátio e melhora a experiência de last mile para os clientes.

Em um mundo onde a eficiência da cadeia de suprimentos pode significar o sucesso ou o fracasso de negócios, as empresas precisam combater o atrito com senso de urgência. Ao adotar os princípios do supply chain de alta velocidade, por meio de soluções digitais que se fortalecem cada vez mais no campo logístico, é possível obter uma vantagem competitiva poderosa e minimizar as fricções e colisões com a concorrência. É mais do que oportuno acelerarmos nessa rota.

(*) Eric Fullerton, especialista em comunicação e tecnologias digitais, é diretor sênior de Marketing de Produto na project44.

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