Até abril, Brasil já exportou 10 milhões de pares a mais

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Depois de quedas consecutivas nos últimos anos nas exportações de calçados, o Brasil comemora 2010 com crescimento ininterrupto desde o início do ano. De janeiro a abril deste ano, o país enviou ao exterior 59,8 milhões de pares contra 49,5 milhões embarcados no mesmo período do ano passado. Estes 10 milhões de pares a mais significam alta de 20,8% em volume. O faturamento de 2010 ficou em US$ 522,2 milhões, enquanto no primeiro quadrimestre de 2009 foram registrados US$ 469,1milhões – o que configura alta de 11,3%.

Os Estados Unidos continuam sendo os maiores compradores do sapato made in Brazil, sendo que o volume de pedidos aumentou em 35,2%. Enquanto nos quatro primeiros meses do ano passado, os americanos compraram 13,4 milhões de pares, gerando um faturamento de US$ 120.3 milhões, este ano o consumo daquele país saltou para 18,1 milhões de pares, o que significa uma receita de US$ 127,8 milhões. O preço médio no período é de US$ 7,05.

Em segundo lugar aparece o Reino Unido, que adquiriu 3,1 milhões de pares de janeiro a abril deste ano, gerando faturamento de US$ 59,2 milhões, em função do preço médio elevado, que é de US$ 18,90. Esta região apresentou crescimento de 20,5% em volume e 7,5% em valores em comparação a igual período do ano passado, quando comprou 2,6 milhões de pares, que resultaram em US$ 55 milhões.

O terceiro lugar no ranking fica com a Itália, que encomendou 2,8 milhões de pares made in Brazil nos quatro primeiros meses deste ano, o que significa um faturamento de US$ 47,6 milhões. No ano passado, os italianos compraram 2,3 milhões de pares no mesmo período, o que é equivalente a US$ 36,5 milhões. O crescimento foi da ordem de 21,1% em volume e 30,2% em finanças.

A vizinha Argentina surge em quarto lugar, com a compra de 2,4 milhões de pares de janeiro a abril deste ano (equivalentes a US$ 45,4 milhões), contra 1,8 milhão de pares encomendados no mesmo período do ano passado (US$ 32 milhões), o que configura alta de 34,6% em pares e 41,8% em termos monetários.

Sintéticos seguem em alta

De acordo com o capítulo 64 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), que não inclui as partes de calçados, os produtos sintéticos (NCM 6402), que há tempos lideram as exportações brasileiras em pares, seguem em primeiro lugar em volume, e contabilizam também um crescimento de 32,7% em pares e 21,1% em faturamento. De janeiro abril deste ano foram embarcados 43,8 milhões de pares, equivalentes a US$ 168 milhões, contra 33 milhões de pares e divisas de US$ 138,7 milhões em igual período do ano anterior.

Os sapatos de couro (NCM 6403) ficam em segundo lugar em quantidade, porém lideram em faturamento. Este ano foram vendidos ao exterior 13,8 milhões de pares, gerando receita de US$ 321,7 milhões, enquanto no primeiro quadrimestre de 2009, foram exportados 14,3 milhões de pares, equivalentes a US$ 303,1 milhões. Neste caso, houve queda de 3,1% em volume e alta de 6,1% em termos monetários.

Já os têxteis (NCM 6404) aparecem na terceira posição, mas com crescimento de 10,1% em volume e 26,2% em divisas. No quadrimestre, o Brasil enviou para o exterior 1,8 milhão de pares (US$ 27,2 milhões), enquanto nos quatro primeiros meses do ano passado, embarcou 1,6 milhão de pares (US$ 21,5 milhões).

Os injetados (NCM 6401), por sua vez, representam a menor fatia dos produtos enviados ao exterior. De janeiro a abril deste ano, foram 152,8 mil pares (US$  992,3 mil), enquanto em igual período do ano passado foram 297 mil pares (US$ 2 milhões). Estes dados configuram queda de 48,6% em volume e 50,8% em cifras.

A NCM 6405, que engloba uma série de outros calçados, geralmente exóticos, registrou a saída de 281 mil pares este ano (US$ 4,3 milhões), contra 349,8 mil pares (US$ 3,7 milhões) no ano passado. Houve queda de 19,6% em volume e alta de 14,6% em finanças.

Ceará continua liderando e cresceu no período

O Estado do Ceará segue no mesmo ritmo de liderança (em pares), com larga folga em relação aos demais Estados. E este ano, com crescimento de 47,2% em volume e 39,4% em divisas. Essa alta é resultado da venda de 31 milhões de pares ao exterior, que renderam US$ 146,4 milhões este ano. Nos quatro primeiros meses do ano passado, as fábricas cearenses exportaram 21,1 milhões de pares, que trouxeram US$ 105 milhões aos cofres.

Já o Rio Grande do Sul fica em segundo lugar, com 12,2 milhões de pares embarcados no quadrimestre, mas ainda lidera em faturamento, que foi de US$ 259,9 milhões. Foi registrado decréscimo de 8% em quantidade embarcada e alta de 1,7% em receita em relação ao primeiro quadrimestre do ano passado – quando foram embarcados 13,3 milhões de pares, o que gerou US$ 255,6 milhões em faturamento.

Em terceiro lugar está a Paraíba, que vendeu 9,1 milhões de pares ao exterior este ano (US$ 26,6 milhões), contra 8,5 milhões de pares (US$ 29,7 milhões). O volume exportado aumentou em 7,9% no período, porém as divisas caíram 10,5%.
O quarto lugar ficou com a Bahia, que nos quatro meses deste ano embarcou 2,9 milhões de pares (US$ 31,2 milhões), enquanto no mesmo período de 2009 enviou ao exterior 2,4 milhões de pares (US$ 24,9 milhões). Houve alta em quantidade (23,3%) e em cifras (25,4%).

Um dos mais tradicionais exportadores do país, São Paulo, este ano está em quinto lugar, com a venda de 1,9 milhão de pares (US$ 35,5 milhões). No ano passado, as fábricas paulistas haviam embarcado 2,3 milhões de pares (US$ 37 milhões), o que configura queda de 19,1% em pares e 4,2% em faturamento.

Importações caem 27,5%

A trajetória das importações continua em movimento descendente, seguindo o mesmo compasso desde que foi instituída a medida antidumping. De janeiro a abril deste ano, já foi registrada queda de 27,5% em pares e 21,6% em faturamento. Este ano, o Brasil comprou 11,3 milhões de pares, pelos quais pagou US$ 100 milhões. Em 2009, nos primeiros quatro meses do ano, o País havia comprado 15,6 milhões de pares, por US$ 127,6 milhões.

A maior parte do conteúdo importado – 5,2 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 27,8 milhões – veio da China, porém com queda de 59,6% em volume e 68,8% em valores em relação aos quatro primeiros meses do ano passado, quando o país asiático havia remetido ao Brasil 12,9 milhões de pares a US$ 89,1 milhões.

Por outro lado, as compras de outros países asiáticos registraram crescimento. É o caso do Vietnã, que de 1,4 milhão de pares enviados ao Brasil no primeiro quadrimestre de 2009 (US$ 21 milhões), saltou para 2,2 milhões de pares este ano (US$ 38,2 milhões) – um crescimento de 59,3% em quantidade e 81,7% em finanças.

A Malásia também apresenta crescimento. De mil pares enviados de janeiro a abril do ano passado (US$ 78 mil), passou para 1,9 milhão este ano (7,6 milhões). Para o presidente da Abicalçados, Milton Cardoso, mesmo com a tarifa antidumping para calçados chineses, o setor precisa ficar atento à entrada de produtos de outros países asiáticos. “Um maior volume de países que não são tradicionais vendedores pode significar um jeito da China de burlar a nossa medida de defesa”, alertou.

Balança comercial tem saldo positivo

A balança comercial de janeiro a abril, não incluindo as partes de calçados, registrou saldo positivo de 23,6%. O saldo da exportação foi de 11,3%, enquanto a da importação ficou negativo em 21,6%, gerando uma corrente de comércio de 4,3%, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

De janeiro a abril de 2010 o valor das exportações foi de US$ 522,2 milhões, enquanto o das importações foi de US$ 100 milhões, o que resultou em uma corrente de comércio de US$ 622,2 milhões. O saldo foi de US$ 422,1 milhões.

Fonte: ASCom Abicalçados/Brazilian Footwear

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