Armando Monteiro prevê saldo de US$ 30 bilhões na balança comercial em 2016

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São Paulo – O Brasil encerrará o ano com um superávit comercial em torno de US$ 15 bilhões, contra um déficit de mais de US$ 4 bilhões em 2014. Para 2016, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, espera que o saldo positivo dobre. “Nossa avaliação é que agora o superávit deve se aprofundar muito. O Brasil pode dobrar o saldo, mesmo que ainda haja um panorama de queda do comércio global”, disse ministro em entrevista para correspondentes estrangeiros nesta quinta-feira (10), em São Paulo.

Não houve aumento das receitas de exportação em 2015, o superávit ocorreu porque as importações caíram mais ainda do que as vendas externas. Monteiro aposta, porém, que em 2016 o saldo vai crescer apoiado também pelo aumento do faturamento com os embarques ao exterior. “Eu acredito firmemente que teremos um crescimento significativo [das exportações] em volumes e em valor”, destacou.

A valorização do dólar frente ao real desde o ano passado é um dos fatores que dão sustentação a estas previsões, segundo ele. “Continuaremos a ter um câmbio amigável ao setor exportador”, declarou. De forma geral, a valorização da moeda norte-americana torna os preços dos produtos brasileiros mais competitivos no exterior, ao passo que faz com que as mercadorias estrangeiras fiquem mais caras no País.

Monteiro ressaltou que as exportações brasileiras cresceram 9,3% em volumes este ano, e que a receita só recuou por causa da queda nos preços internacionais das commodities que o País exporta. Da mesma forma, a redução das cotações do petróleo contribuiu também para a baixa no valor das importações.

Segundo ele, o dólar valorizado abre “uma janela de oportunidades” para os exportadores, mas são “perspectivas de curto prazo”. Para que o ganho de competitividade das empresas brasileiras seja sustentável, o ministro ressalta que problemas estruturais precisam ser resolvidos, como a precariedade da infraestrutura nacional e a alta carga tributária.

Na avaliação do ministro, a taxa de câmbio criou condições para que setores que haviam perdido competitividade no mercado externo voltem a exportar. Ele acredita que a partir do ano que vem vão ganhar força os embarques de produtos industrializados, como automóveis, calçados, têxteis, máquinas e equipamentos. Além disso, Monteiro aposta em “alguma recuperação de preço” entre as commodities agrícolas e no avanço das vendas de carnes.

Acordos

O fraco desempenho da economia brasileira é outro incentivo para as empresas buscarem mercado lá fora. Segundo ele, isso gerou no próprio governo a necessidade de buscar “uma postura mais ativa na frente externa”.

Nesse sentido, ele citou acordos que foram assinados este ano, como um acordo quadro de convergência regulatória e um convênio na área de patentes com os Estados Unidos; e os acordos automotivos celebrados ou renovados com México, Argentina, Uruguai e Colômbia. O ministro crê num forte desempenho das exportações de automóveis em 2106.

Monteiro citou também os acordos de facilitação de investimentos firmados com México, Angola, Colômbia, Moçambique, Chile e Malauí.

Para o próximo ano, Monteiro espera a troca de ofertas entre o Mercosul e a União Europeia para que as negociações de um tratado comercial entre os dois blocos tenham continuidade. “Isso é estratégico, principalmente depois dos novos movimentos que modificam a arquitetura do comércio global”, declarou ele, referindo-se à Parceria Trans-Pacífica (TPP), acordo que elimina tarifas no comércio entre países das Américas, Ásia e Oceania.

Com a posse de Mauricio Macri como presidente da Argentina, nesta quinta-feira, o ministro espera também maior interesse do país vizinho no avanço das negociações com os europeus. Segundo Monteiro, Macri, que visitou Brasília, após ser eleito, “sinalizou de maneira muito clara que a parceria com o Brasil é estratégica”, que o comércio bilateral tem que ser revitalizado e que há possibilidade de retomada de negociações do Mercosul com outros blocos, “especialmente com a União Europeia”.

Em 2016 deverão ocorrer avanços nas negociações de acordos comerciais com o Marrocos, Tunísia e Líbano, segundo Monteiro.

Otimismo

Monteiro demonstrou otimismo com relação ao próximo ano não só no comércio exterior, mas também com relação à retomada da economia brasileira, especialmente a partir do segundo semestre. Ele defendeu a conclusão do ajuste fiscal o mais rápido possível e depois a realização de reformas na previdência social e na seara tributária.

O ministro foi enfático ainda ao dizer que não acredita que o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff vá prosperar. “A nossa expectativa é de que o Congresso Nacional, dentro de um prazo relativamente curto, que essa questão seja resolvida. Eu quero afirmar minha convicção de que vai se afastar essa possibilidade do impeachment da presidente, e a partir daí ela retoma em grande parte a iniciativa política”, afirmou ele, que é senador licenciado.

Fonte: MDIC

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