Da Redação
Brasília – A Argentina deverá perder em breve o posto de terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China e Estados Unidos. Esse será um dos reflexos da queda de 24,46% nas exportações brasileiras para o país vizinho no período janeiro/agosto e da contração de 19,23% nas vendas portenhas ao mercado brasileiro nesse mesmo período.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações para a Argentina geraram uma receita de US$ 9,821 bilhões no período janeiro/agosto. A Argentina foi o destino final de 6,38% do volume global exportado pelo Brasil. Em contrapartida, as exportações argentinas somaram US$ 9,339 bilhões, equivalents a 6,07% das importações brasileiras. No período, a balança é superavitária para o Brasil no montante de US$ 481 milhões.
Além de terceiro principal parceiro do Brasil e cliente tradicional dos produtos industrializados brasileiros, a Argentina destacou-se nos últimos anos como uma das maiores fontes de superávit para o Brasil no comércio exterior. Entre 2004 e 2013, o Brasil acumulou um saldo de mais de US$ 34 bilhões nas trocas bilaterais com o país vizinho. O maior saldo foi registrado em 2011: US$ 5, 803 bilhões.
Ano passado, a balança comercial foi favorável ao Brasil em US$ 3,153 bilhões. O ultimo saldo positivo obtido pela Argentina junto ao Brasil aconteceu em 2003, quando a balança foi favorável ao país vizinho em modestos US$ 103 milhões.
Com a série de obstáculos criados na area das exportações e importações pelo governo da presidente Cristina Kirchner, no ultimo mês de agosto, foram registradas quedas acentuadas nas exportações brasileiras em todas as categorias: produtos primários, semimanufaturados e industrializados.
Entre os produtos básicos, a queda foi de 24,46% para US$ US$ 838 milhões. No tocante aos produtos semimanufaturados, a redução foi de 19,96% para US$ 233 milhões. A queda entre os produtos industrializados, de maior valor agregado e de difícil substituição no mercado internacional, atingiu o percentual de 26,27 % e a receita gerada por esses produtos totalizou US$ 8,962 bilhões.
As exportações de automóveis para aquele que é o principal mercado para os carros brasileiros foi o grande destaque negativo nas vendas brasileiras para a Argentina nos oito primeiros meses do ano. As vendas de automóveis de 1500 cilindradas despencaram 41,28%, passando de US$ 2,071 bilhão em 2013 para apenas US$ 1,216 bilhão de janeiro a agosto deste ano. Quedas expressivas foram registradas também nas vendas de veículos de 1000 cilindradas. Elas somaram US$ 827 milhões em 2013 e este ano foram reduzidas em 34,73% para US$ 540 milhões.
Esse panorama de queda acentuada nas três categorias de produtos repetiu-se (à exceção dos bens semimanufaturados) também nas exportações da Argentina. As exportações de produtos básicos tiveram queda de 19,23% para US$ 1,165 bilhão. As vendas de bens semimanufaturados subiram 11,97% para US$ 324 milhões e as exportações de produtos industrializados caíram 17,49%, gerando uma receita da ordem de US$ 8,175 bilhões.