Da Redação
Brasília – Apesar dos sucessivos ataques direcionados ao país pelo presidente Jair Bolsonaro, familiares e membros do seu governo, a China segue isoladamente como principal parceiro comercial do Brasil muito à frente do segundo colocado, os Estados Unidos, e foi o responsável por 67,7 % do superávit de US$ 42,445 bilhões obtido pelo Brasil de janeiro a setembro deste ano.
Há dez anos, a participação chinesa no saldo comercial brasileiro alcançava 39% e em uma década esse percentual quase dobrou, atingindo nos nove primeiros meses de 2020 67,7% e uma receita de US$ 28,757 bilhões, superior ao superávit registrado em todo o ano de 2019, da ordem de US$ 28,087 bilhões. No período, a China foi o destino final de 34,1% das exportações totais brasileiras, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.
Segundo José Ricardo dos Santos, CEO do LIDE China,”as relações entre o Brasil e a China começaram em 1974 e nesses 46 anos de relacionamento, a China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil em 2009, e nos anos de 2018 e 2019 a corrente de comércio (exportação+importação) esteve próxima de US$ 100 bilhões e é possível perceber que a grande força dessa relação é o agronegócio”.
A destacada participação da China entre os países de destino das exportações do agronegócio brasileiro é justificada pelo CEO do LIDE China com o argumento de que “a China é uma grande compradora desses produtos brasileiros e isso é irreversível. E não se trata de colocar todos os ovos em uma única cesta. O Brasil tem uma gigantesca produção agrícola, de soja, milho, algodão, carnes, entre outros produtos, e se não vender para a China vai vender para quem? É importante ter esse ponto de vista da demanda, pois a China tem a necessidade de garantir a sua segurança alimentar e energética. A China é hoje o único país que tem demandado tanto do Brasil no que diz respeito aos produtos agrícolas. No primeiro semestre deste ano, 40% de toda a produção agrícola brasileira foi exportada para a China, que é um grande parceiro e há uma tendência de o país asiático aumentar ainda mais as importações de produtos do agronegócio brasileiro. Certamente há possibilidade de diversificação para países como os Estados Unidos e a Índia, mas atualmente é a China que tem uma maior demanda dos produtos brasileiros”.
Os dados da Secex revelam a magnitude da participação chinesa nas exportações brasileiras. Entre todos os principais produtos exportados pelo país a China figurou, sem exceção, como o maior importador. Em relação à soja, o carro-chefe das vendas externas brasileiras, de janeiro a setembro as exportações somaram US$ 27,162 bilhões, dos quais 72,9% (US$ 19,8 bilhões) foram importados pelos chineses.
O mesmo se deu em relação aos minérios de ferro: exportações no total de US$ 17,289 bilhões, dos quais US$ 12,3 bilhões (71,3%) tiveram a China como destino final. Igualmente expressiva foi a participação da China nas exportações de petróleo (62,7%), carne bovina (52,3%) e celulose (46,3%).