Ferdinando Fiore, diretor geral da ITA para o Brasil

Agência italiana projeta aumento das exportações de máquinas para o Brasil

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Da Redação

Brasília – A participação de dez empresas e uma associação italianas na 39ª. edição da  Fispal Tecnologia 2023, realizada de 27 a 30 de junho em São Paulo, deverá contribuir para o aumento das exportações de máquinas e tecnologias para o segmento de embalagens ao Brasil neste ano. A Itália é líder mundial nesse tipo de tecnologia, e as importações brasileiras correspondem a 0,8% de suas exportações italianas do setor.

“Com cerca de 26% do mercado mundial, a indústria italiana de máquinas para embalagem fatura anualmente mais de 8 bilhões de euros, dos quais quase 80% em operações realizadas no exterior. A participação da Itália neste importante evento realizado no Brasil demonstra o interesse do país em aumentar sua presença na região, identificando e fomentando novos negócios, comenta o diretor geral para o Brasil da Italian Trade Agency (ITA, a Agência Italiana de Promoção das Exportações), Ferdinando Fiore.

Na avaliação do diretor, as empresas italianas presentes à Fispal consideraram “bastante positiva” a participação na mostra e destacaram que ao longo dos quatro dias da feira receberam mais de 600 visitantes de algumas das principais empresas brasileiras do setor de alimentos, bebidas e embalagens, incluindo engenheiros e gerentes de engenharia e produção, diretores industriais, CEO’s e proprietários”.

Das primeiras avaliações recebidas, numa escala de 1 a 5, onde 1 representa completamente insatisfeito e 5 extremamente satisfeito com a participação na feira, os resultados apontam para uma média em torno de 4,5. Assim, afirma Ferdinando Fiore, “muitas das empresas já confirmaram a participação no evento do próximo ano e diversas outras já nos contataram solicitando informações para participarem da 40ª. edição da feira em 2024”.

Desse público eclético de visitantes que passou pelo estande da ITA naquela que é a mostra mais importante da América Latina desse segmento, cerca de 40% foram em busca de soluções em automação logística e processos de engenharia. Para outros 20%, o foco estava em máquinas e soluções para processos e tecnologias para embalagens.

Segundo Ferdinando Fiore, “em ambos os setores, os italianos são tidos como referência mundial e não à toa respondem por quase um terço de todas as máquinas e equipamentos desse segmento comercializados em todo o mundo”.

Comércio bilateral tem superávit italiano

De acordo com dados da Secex/MDIC, nos seis primeiros meses deste ano as exportações totais italianas para o Brasil cresceram 6,3% para US$ 2,946 bilhões, o que fez da Itália o sétimo maior exportador para o Brasil.

Desse volume embarcado, 5,0% ou US$ 147 milhões foram relativos às exportações de máquinas e equipamentos para indústrias e suas partes. Entre janeiro e junho, essas vendas registraram uma forte alta de + 51%, indica a Secex.

Entre os principais produtos vendidos pelas empresas italianas para o Brasil se destacaram partes e acessórios de veículos (US$ 222 milhões); outros medicamentos (US$ 187 milhões); medicamentos (US$ 159 milhões); e demais produtos da indústria de transformação (US$ 145 milhões).

As exportações brasileiras para a Itália nesse período tiveram uma queda de -10% e somaram US$ 2,496 bilhões e a Itália foi o décimo-quarto país de destino das vendas externas totais do Brasil no período.

Os cinco principais produtos embarcados pelas empresas brasileiras para o mercado italiano  foram celulose (US$ 368 milhões); café não torrado (US$ 294 milhões); farelo de soja (US$ 219 milhões); soja (US$ 210 milhões); e minério de ferro (US$ 194 milhões).

Em seis meses deste ano, a corrente de comércio bilateral (exportação+importação) totalizou US$ 5,164 bilhões (queda de 1,4% em relação ao mesmo período de 2022) e proporcionou à Itália um superávit de US$ 724 milhões, superior ao saldo de US$ 677 milhões acumulado em todo o ano passado.

Complementaridades das duas economias

Ao comentar os dados da balança comercial ítalo-brasileira, Ferdinando Fiore afirma que “os números estão bastante alinhados às características das economias desses dois países, embora sempre haja espaço para uma maior colaboração entre ambos. E as ações que realizamos a favor dos mais variados segmentos têm por função exatamente expandir as fronteiras de colaboração”.

Ele disse ainda que “no caso do Brasil, as máquinas e equipamentos são um importante item da pauta de importações e figurando a Itália entre os principais fornecedores do segmento, é natural que {o país} se posicione bem entre os principais fornecedores do Brasil. Já no caso da Itália, a maior dependência gira em torno de recursos naturais, que acabam sendo fornecidos, até mesmo por uma questão de logística, por países do entorno”.

Ao ser questionado sobre como fazer para aumentar o fluxo de comércio entre o Brasil e a Itália e, sobretudo, como diversificar a pauta exportadora brasileira para o mercado italiano acrescentando produtos de maior valor agregado às exportações, o diretor da ITA aconselhou “escutar o mercado e investir em promoção, mas também na internacionalização do asset produtivo, já que são esses investimentos produtivos no exterior os primeiros a adquirir os fornecedores de seus respectivos países de origem”.

Prudente, Ferdinando Fiore evitou uma avaliação mais profunda sobre o andamento das negociações do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.  Econômico nas palavras, ele disse apenas que “fogem do nosso âmbito as negociações do acordo entre os dois blocos. De todo modo, se concretizado {o acordo} certamente trará benefícios para ambos os lados”.

Quanto à possibilidade de o acordo contribuir para um aumento expressivo das relações comerciais entre a Itália e o Brasil, ele afirmou que “a diminuição de barreiras e consequente desburocratização de procedimentos é sempre um ponto a favor do aumento do fluxo comercial e de investimentos”.

Participação na Fispal tem balanço positivo

Segundo Ferdinando Fiore, as empresas italianas que participaram da Fispal fizeram um balanço positivo da vinda ao Brasil para expor seus produtos.

Apesar de ressaltar que as feiras não são normalmente palco para o fechamento de negócios, mas, sobretudo, para a apresentação de soluções e a identificação de oportunidades, o diretor-geral da ITA afirma que “alguns bons negócios foram fechados {durante a Fispal 2023} e muitos outros devem se concretizar nos próximos meses. E o resultado das importações verificado nos primeiros cinco meses do ano são um bom termômetro o que parece estar por vir: foi registrado no período um crescimento de 19,75% das importações brasileiras de máquinas e equipamentos italianos para embalagem em relação ao mesmo período de 2022”.

Por outro lado, dois importantes eventos a serem realizados nos próximos meses na Itália também devem gerar boas oportunidades de negócios para os empresários italianos e brasileiros.

O primeiro deles, a feira PLAST, acontecerá em Milão, de 5 a 8 de setembro e é dedicado às tecnologias para a indústria de transformação do plástico, segmento diretamente ligado ao setor de embalagens. Mais adiante, em 24 e 25 de outubro, a cidade de Parma, no coração da indústria italiana de alimentos e bebidas, sediará a CIBUS TECH, com foco nas tecnologias para o processamento de alimentos.

Ferdinando Fiore informa que o ITA promoverá a ida de missões comerciais brasileiras para o setor, por ocasião dessas duas feiras que são destaque nos calendários italiano e mundial: “no total, deveremos levar cerca de 10 qualificados profissionais/empresários brasileiros e mais de 400 provenientes de diversas partes do mundo”.

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