Técnicos da entidade estimam que as exportações de US$170,720 bilhões em 2010 projetam crescimento de 12,0%, as importações de US$158,490 bilhões em 2010 preveem aumento de 23,4%. O superávit comercial de US$12,230 bilhões em 2010 deverá ser menor em 48,9%.
Brasília (Comex-DF) – Estudo realizado pela Associação dos Exportadores do Brasil (AEB) revela que o cenário da balança comercial para 2010 aponta um crescimento das exportações, um aumento das importações e uma queda no superávit decorrente de compras no exterior. No ano que vem, o país deverá vender mais do que em 2009, registrando números 12% maiores que o ano em curso. As estimativas dão conta de que o faturamento do segmento exportador deverá ser de 170,7 bilhões de dólares contra 152,4 bilhões de dólares.
Por sua vez, as importações deverão ter um aumento de 24%. Isso se deve à taxa de câmbio e ao crescimento interno. O crescimento do PIB, que indica a soma dos bens e serviços produzidos no país, está calculado em torno de 5%. O saldo entre o que for exportado e importado deverá ser de aproximadamente 12,2 bilhões de dólares, caindo em relação a 2009, que está previsto para ficar em 23,9 bilhões de dólares.
Confira as informações que este portal recebeu da AEB:
Dados e cenários considerados nas projeções para 2010
1- A projeção da Balança Comercial para 2010 continua impregnada de volatilidade e instabilidade, decorrentes de resquícios da crise financeira e da incerteza que ainda imperam no cenário econômico internacional, fatores com poder para alterar os dados apresentados. O cenário atual é de acomodação da crise mundial gerada pelo sub prime, com seus reflexos negativos ainda presentes e mais visíveis nos países desenvolvidos, motores do mundo econômico, podendo impactar as cotações das commodities, mercadorias cujas receitas representam cerca de 70% da pauta de exportação do Brasil, e sobre as quais não possuímos qualquer controle sobre seus preços ou quantidades a exportar.
2 – Na elaboração da Balança Comercial para 2010, que projeta exportações de US$170,720 bi e aumento de 12,0%, importações de US$158,490 bi e crescimento de 23,4%, superávit de US$12,230 bi e queda de 48,9%, levou-se em consideração os seguintes fatores: – taxa de câmbio média de R$1,75, com picos de até R$1,90 e viés de alta no 2º semestre; – crescimento do PIB de 5% e utilização de parâmetros tradicionais, onde cada 1% de expansão do PIB gera 3% de importação, projetando aumento de 15% das importações; – elevação do PIB e taxa cambial favorável impulsionam maior crescimento das importações; – apesar da taxa cambial adversa, o incremento previsto nas exportações deve-se às vigentes, e novamente elevadas, cotações das commodities, complementadas pela recuperação parcial da queda nas exportações de manufaturados verificada no primeiro semestre de 2009; – as exportações de US$170,720 bilhões serão inferiores aos US$197,942 bi de 2008 e próximas dos US$160,649 bi de 2007, enquanto as importações de US$158,490 bilhões serão menores que os US$172,981 bi de 2088 e bem superiores aos US$120,617 bi de 2007; – o aumento das exportações não constitui expansão real, mas apenas redução das perdas verificadas em 2009, mesma situação observada nas importações, embora em escala menor.
3 – Particularidades sobre o comércio exterior brasileiro em 2010: As commodities continuarão ocupando lugar de destaque nas exportações, principalmente com o atual nível de taxa cambial, que dificulta muito as exportações de manufaturados; Se ao final do 1º semestre o montante das importações estiver próximo, ou até mesmo maior que as exportações, a taxa de câmbio de R$1,75 poderá se elevar, impactando o crescimento das importações, porém, sem gerar maior expansão das exportações; A corrente de comércio deverá aumentar 17,1%, passando de US$281 bilhões em 2009, para US$329 bilhões em 2010, mas ainda menor que os US$371 bilhões de 2008; O aumento da corrente de comércio, fonte de atividade econômica, será responsável pela possível geração de empregos, não obstante a redução do superávit comercial e a perda de empregos decorrente de elevação das importações; Para evitar a perda de clientes duramente conquistados e com risco de serem perdidos, a taxa de câmbio média prevista de R$1,75 estimulará empresas brasileiras a realizar investimentos no segmento industrial no exterior, constituindo novas empresas, incorporando empresas já existentes ou adquirindo participações acionárias, representando uma internacionalização, mas decorrente da fuga de capital produtivo para o exterior.
4 – Dúvidas e interrogações para 2010: Os preços do aço e derivados estão se recuperando, mas existe no mundo um excedente de produção estimado em 500 milhões de toneladas. Haverá reflexo sobre preços e quantidades exportadas de minérios, ferro gusa, laminados planos e semimanufaturados ? Tudo indica que haverá superprodução de soja nos Estados Unidos (já confirmada), Brasil e Argentina. Atualmente, os preços médios estão iguais a 2009, mas permanecerão assim ? 5 – No cenário traçado para 2010, em que o crescimento das importações é estimulado pela taxa de câmbio e o forte crescimento do PIB, inversamente ao observado nas exportações, desestimuladas pela mesma taxa cambial e o PIB, além da dependência das commodities, não constituirá surpresa se a Balança Comercial apresentar pequeno déficit comercial, e não superávit, como aqui previsto. Esta hipótese ocorrerá se houver queda nas cotações das commodities, for confirmado o crescimento de 5% do PIB e a taxa cambial média ficar ao redor de R$1,75 no 1º semestre. Para José Augusto de Castro, vice – presidente da AEB, o país vai continuar a depender das commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no exterior) porque os produtos manufaturados, com a valorização do real ante o dólar, não se mostram competitivos no exterior. Também há dúvidas sobre como ficará o cenário internacional para dois importantes produtos brasileiros, a soja e o aço.
Fonte: AEB (05/01/2010)