AEB: Emex incentiva a participação das mulheres no comércio exterior

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Rio de Janeiro (RJ) – A força e a coragem femininas como propulsores para enfrentar desafios relacionados à desigualdade de gênero no mercado, foram bastante lembradas na 4ª Edição do Encontro Nacional de Mulheres no Comércio Exterior (Emex) no último dia 29, no Rio de Janeiro, uma realização da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

Nos projetos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/RJ), 51% dos negócios que exportam são liderados por mulheres. Já entre os maiores empreendimentos, porém, a dominância ainda é masculina. Apenas 14% das empresas exportadoras brasileiras pertencem majoritariamente a mulheres.

Marianne Lachmann, sócia da Lachmann Agência Marítima e Izis Janote Ferreira, economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ressaltaram a necessidade de a mulher perseguir propósitos bem definidos e investir em conhecimento técnico para disputar espaço nesse mercado.  Números apresentados por Miriam Ferraz, coordenadora de Negócios Internacionais do Sebrae, mostraram que quanto maior a capacitação, maior a presença feminina no comércio exterior: 54% das funções de alta qualificação; 44% de média e 34% de baixa qualificação.

“As mulheres têm inúmeras funções e desafios no seu dia a dia e estão batalhando por espaço no mercado. Nós temos que valorizar a força feminina, a mulher é muito detalhista, tudo que ela faz é com zelo e primor. Elas devem investir em inovação, no desenvolvimento de parcerias, na internacionalização e questões de sustentabilidade que são estratégias relevantes para os desafios da economia globalizada”, atestou Miriam.
AgroBr.Mulheres
A assessora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou um projeto piloto – em parceria com a ApexBrasil -, que corrobora com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS (5, 8 e 17) das Nações Unidas (ONU).  O AgroBR.Mulheres reuniu 14 mulheres de diversos setores, recebendo capacitações e passando por rodadas de negócios e missões comerciais, entre outras ações. Segundo Maria Rita Lana Padilla, o objetivo é que elas desenvolvem habilidades e competências e se sintam seguras para navegar nos desafios do comércio internacional, incluindo aspectos como logística, marketing internacional, gestão de riscos e conformidade regulatória.

“Faz parte do nosso trabalho, a busca pela equidade de gênero, promovendo a igualdade e oportunidades, contribuindo para um mundo mais justo, com intuito de trazer a independência financeira para essas mulheres atendidas”, disse Rita.

A assessora do Gabinete da Diretoria de Negócios da ApexBrasil contou que, ao criar o Programa Mulheres e Negócios Internacionais, a entidade decidiu alterar o estatuto para que houvesse equidade nos cargos de gestão. “Tivemos uma resolução determinando que todas as ações contivessem mecanismos que favoreçam a participação de empresas de mulheres, como tornar a liderança feminina um critério de desempate. No ano passado, já apoiamos 32% mais empresas lideradas por mulheres do que em 2022”, explicou Maira Rodrigues, responsável pela gestão técnica do Programa.

Tela de cinema

“Comércio exterior é um tipo de diplomacia. E não existe instrumento mais poderoso de diplomacia do que o cinema.” A afirmação é de Ilda Santiago, diretora executiva do Festival do Rio, um evento tradicional e bem-conceituado no mercado audiovisual com exposição em todo o planeta. Ilda lamentou que o país não conheça e não entenda a importância do setor para a cultura e para a economia como um todo.

Para Ilda, no Brasil não há um plano efetivo de investimento do Estado no audiovisual. “Cerca de 49% da população brasileira não tem sala de cinema por perto. Para cada R$ 1,00 gasto no setor de audiovisual, o retorno é de R$ 3,00 em imposto. O agro teve um planejamento e uma execução de muitos anos, por isso deu certo”, atestou Ilda que citou ainda a Coreia do Sul que teria feito investimentos para atualmente figurar como 5º maior mercado de audiovisual do planeta, com receita bruta U$ 1,7 bilhão.

A área de comércio exterior do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi recriada em janeiro desse ano para dar maior relevância a pauta exportadora e, segundo a superintendente Livia dos Reis Cavalcante José Rocha, uma das preocupações foi justamente levar a diversidade.

“Era importante que gente pudesse implementar a nossa política de gênero interna, trazendo cada vez mais mulheres para a gestão, porque entendemos a relevância de uma visão diferenciada dentro da área”, concluiu Lívia, uma das quatro mulheres que ocupa cargo de gerência no Banco.

“A desigualdade de gênero impacta diretamente no acesso a oportunidades, sabemos disso e estamos aqui no Emex combatendo essa discrepância. Mas há uma pauta que é muita cara à AEB que é a da educação, e é um dos caminhos mais relevantes para combater desigualdades. Precisamos elevar a qualidade técnica dos profissionais de comércio exterior, em especial das mulheres”, ressalta Roberta Portella, assessora jurídica e institucional da AEB e sócia do escritório R. Portella Advogados.

(*) Com informações da AEB

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