Cuiabá – A China deverá aumentar as importações da soja brasileira. Com o aumento do consumo de carnes, o país se vê forçado a elevar o uso de farelo como ração, principalmente para suínos, o que, consequentemente, levará ao aumento das importações do produto. A avaliação foi feita pela adida agrícola do Brasil em Pequim, Andréa Bertolini, na última segunda-feira (29), ao receber um grupo de 23 produtores e delegados da Aprosoja e também parlamentares que integram missão enviada pela Aprosoja àquele país. A visita faz parte da programação da Missão China 2013 da Aprosoja.
Durante a visita, a adida falou sobre o trabalho feito pela embaixada, que é a comunicação e negociação comercial entre os dois países. Em seguida falou da importância da soja brasileira para os chineses. Hoje o Brasil fornece 40% de toda a soja importada pela China. O complexo soja, especialmente o grão, representa 80% das exportações do agronegócio para o país. O óleo brasileiro também tem como principal destino a China, o que se consolidou a partir de 2011, contudo, o farelo brasileiro ainda não é exportado. De forma global, em 2012 o complexo soja exportou US$ 12 bilhões para o país asiático ou 22 milhões de toneladas.
Mas o Brasil ainda possui uma tarifa elevada para exportar o farelo para China e, de acordo com a adida, esse é um dos desafios comerciais que o Brasil tem pela frente. Atualmente a escalada tarifária se apresenta da seguinte forma: 3%, 7% e 9%, respectivamente, para o grão, farelo e óleo.
“Ficamos surpresos que, apesar da importância do comércio de produtos agropecuários entre os dois países, o Brasil tem apenas um adido agrícola, enquanto a Argentina possui três e os Estados Unidos um time de futebol”, disse o diretor executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa.
A adida explicou também que naquele país é o setor privado que tem feito a diferença nos assuntos comerciais, como o caso recente dos eventos transgênicos, exemplo da Intacta e a Cultivance, em que a pressão exercida pela Aprosoja e outras entidades do setor, com a ajuda do ministro da Agricultura, Antonio Andrade, levou os chineses a liberarem.
Segundo Andréa Bertolini, os setores mais organizados têm conseguido avanços decisivos nas negociações com o governo chinês e os importadores locais. Ela ressaltou, entretanto, que o Brasil ainda perde muito em marketing para os concorrentes, principalmente para Colômbia, no caso do café, e para a Austrália, no caso da carne. O que se resolveria em um trabalho bem feito junto ao consumidor chinês.
“O governo chinês respeita muito o Brasil como produtor de alimentos, primeiro pela importância perante a segurança alimentar para o país e depois por ver no Brasil um modelo de agricultura a ser adotado pela China”, explicou Andréa.
Os membros da missão pediram apoio da embaixada brasileira para que fosse relatada ao governo brasileiro a importância de se realizar obras simples de infraestrutura em Mato Grosso, maior produtor do grão, e o benefício que geraria para o comércio com a China. A adida se responsabilizou em encaminhar o relato da reunião ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
*Foto: Fabrício Rosa
Fonte: Assessoria de Imprensa da Aprosoja