Acordo cahaça-tequila Brasil-México vai proteger aguardentes da concorrência desleal

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Brasília – São várias as versões existentes sobre a origem da cachaça. Alguns historiadores dizem que foram os portugueses que trouxeram da Ilha da Madeira a cana-de-açúcar e as técnicas de destilação. Outros apontam que a primeira cachaça foi destilada por volta de 1532 em São Vicente (SP), onde surgiram os primeiros engenhos de açúcar no Brasil.

O fato é que a cachaça acompanhou a história do Brasil desde o seu início, passando pelo o ciclo do açúcar, pelo crescimento das fronteiras territoriais e chegando até a urbanização do país. Mas, apesar de ser patrimônio brasileiro, o nome cachaça é utilizado em vários países para vender outras bebidas, criando concorrência desleal.

Atualmente a bebida é protegida, com reconhecimento de indicação geográfica, apenas nos Estados Unidos e Colômbia. Enquanto a tequila é protegida em mais de 46 países, incluindo na União Europeia. Com o acordo, o México passa a ser o terceiro país a reconhecer a cachaça como um destilado exclusivo do Brasil.

 “A Câmara Setorial da Cachaça do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), na qual a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) é membro, vem trabalhando para expansão do reconhecimento mundial da bebida. Dessa forma, abrindo novos mercados e expandindo sua exportação”, observa o assessor técnico da Comissão Nacional da Cana-de-Açúcar da CNA, Rogério Avellar.
As negociações entre os governos do Brasil e do México estavam em andamento há alguns anos, mas foi a partir de junho de 2014, com a renovação de um convênio firmado entre o Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC) e o Conselho Regulador de Tequila (CRT), que a movimentação em torno do processo de reconhecimento recíproco recebeu maior atenção do Governo.  Na segunda-feira (22), foi firmado o processo de negociação do Acordo para o Reconhecimento Mútuo da Cachaça e da Tequila como Indicações Geográficas e Produtos Distintivos do Brasil e do México.

Para a presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), Cristiano Lamêgo, a conclusão do processo de reconhecimento mútuo é um momento histórico para a aguardente brasileira e acontece quando a bebida está prestes a completar 500 anos.

Números

As exportações de cachaça atualmente estão aquém do potencial de mercado e estima-se que apenas 1% do volume produzido é exportado. Em 2015, as exportações da bebida ao México totalizaram apenas US$ 65 mil, com 40 mil litros. Em contrapartida, o valor das exportações da tequila ao Brasil alcançou a cifra de US$ 8 milhões, com 1,3 milhões de litros.

Fntr: CNA com informações do IBRAC

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