Da Redação
Brasília – A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) pretende aumentar em 10% ao ano durante os próximos cinco anos a receita obtida com as exportações de frutas, gerando, ao final do período, uma receita superior em 50% aos US$ 630 milhões registrados em 2014. A estimativa foi feita por Luiz Roberto Barcelos, presidente da Associação e sócio-diretor da Agrícola Famosa, uma das maiores produtores brasileiras de melão, melancia e mamão.
Para alcançar esse objetivo, a Abrafrutas atua em parceria com a Associação Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e com o apoio da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), através da Comissão Nacional da Fruticultura, colaboração que tem potencializado o atendimento das demandas da fruticultura nacional.
Segundo Luiz Roberto Barcelos, ano passado, as exportações de frutas geraram uma receita de US$ 630 milhões, contra US$ 650 milhões exportados em 2013. Para ele, essas cifras não condizem com o fato de o Brasil ser o terceiro maior produtor mundial de frutas, atrás apenas da China e da Índia: “nossas exportações correspondem a pouco mais de 1% das vendas externas do agronegócio brasileiro. Nosso potencial de exportação é muito grande e por isso esperamos aumentar esse volume. Hoje, apenas 2% das frutas que o Brasil produz tem como destino o mercado externo”, afirmou Barcelos.
Com o objetivo de fazer a promoção comercial das frutas frescas brasileiras e derivados no mercado internacional, a Abraftutas e a Apex-Brasil assinaram um convênio com vigência de dois anos e investimentos de R$ 5,2 milhões, dos quais R$ 4,2 milhões da Apex-Brasil e R$ 1 milhão da Abrafrutas. Os recursos se destinam a ações de promoção comercial, posicionamento de mercados, capacitação de empresas para exportação e facilitação de negócios, entre outras.
Oito mercados-alvo
As ações de promoção comercial se concentram em oito mercados-alvo considerados prioritários pelo projeto: Estados Unidos, Hong Kong, Rússia, Alemanha, Reino Unido, Espanha, França e Emirados Árabes Unidos.
De acordo com o presidente da Abrafrutas, “O Brasil exporta em média US$ 650 milhões por ano e a meta é aumentar esse valor em 50% nos próximos cinco anos. Outros países exportam mais do que o Brasil e o Chile, por exemplo, é um deles. As exportações chilenas de frutas passam de US$ 4 bilhões por ano. Aqui ainda temos uma agricultura familiar neste setor, ainda não há tanto a cultura da exportação. Outro motivo que explica o baixo volume exportado é o nosso grande mercado interno.”, afirmou Barcelos..
“Os mercados-alvo do projeto foram escolhidos conforme a demanda, a procura pelas frutas brasileiras e a logística. Não adianta abrirmos um mercado que a gente não possa acessar. As perspectivas para as exportações das frutas brasileiras para a Europa são muito boas. E tendem a ser ainda melhores à medida em que os países europeus começam a sair da crise econômica que se iniciou em 2008″.
Outro mercado em potencial para as exportações brasileiras de frutas é a Rússia mas o aumento das vendas esbarra em um obstáculo: “tentamos fazer algumas exportações diretas para a Rússia mas o problema é que, com a crise do petróleo , o governo russo desvalorizou a moeda local, o rublo, e as exportações tornaram-se muito caras. Hoje a Rússia importa frutas brasileiras via Rotterdã”.
A estratégia de promoção das exportações terá como um dos alvos principais os Estados Unidos. Segundo Luiz Roberto Barcelos, “o mercado americano é o que apresenta o maior potencial. Lá existem barreiras sanitárias e fitossanitárias e outros problemas que estamos procurando resolver e apesar disso as perspectivas de negócios são muito boas. Vamos trabalhar também para reforçar nossa presença na União Europeia, um mercado consolidado. Hoje mais de 90% de nossas exportações de frutas vão para o os países europeus e esse mercado está longe de se esgotar”.
Outros mercados
Apesar de não figurarem entre os oito principais mercados eleitos pela Abrafrutas em sua parceria com a Apex-Brasil, China e Japão são outros países que merecerão atencão especial: “nesses dois países há problemas de logística e de distância mas existe também um grande potencial a ser explorado. Com o fim, em breve, das obras de alargamento do Canal do Panamá, os navios poderão sair do Nordeste, seguir para o Panamá e de lá para a Ásia, mais especificamente para a China, o Japão e também para Hong Kong”, afirmou Luiz Roberto Barcelos.
Fruit Logistica 2015
Logo após a assinatura do acordo com a Apex-Brasil, um grupo de empresas vinculadas à Abrafrutas participou da Fruit Logística, uma das maiores feiras mundiais de frutas, legumes frescos, embalagem e rotulagem, transporte e sistemas de logísticas, realizada de 4 a 6 de fevereiro, em Berlim (Alemanha).
Na avaliação de Luiz Roberto Barcelos, “a participação foi muito boa.Trata-se de um evento de grande importância para a fruticultura mundial. Fomos instalados no estande da Apex-Brasil e tivemos três dias de contatos intensos. A feira preencheu nossas expectativas. Não tanto pelo volume de negócios fechados mas sobretudo pela interação que permitiu aos exportadores realizar com importadores dos mais diversos países”.