A Ilha em que está o Maior Porto do Hemisfério Sul

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A Ilha de São Vicente coleciona fatos e desenvolvimentos que podem constituir um diferencial a ser apresentado a visitantes estrangeiros ao Brasil. Mas nem todo mundo sabe! 

 

Rodrigo Solano (*)

Imagine que você é um exportador carioca e recebe uma visita de empresários estrangeiros. Você os leva para conhecer o Porto do Rio de Janeiro sem oferecer a eles a oportunidade de conhecer a cidade, suas praias e sua riqueza cultural. Guardadas as devidas proporções, talvez seja isso que muitos empresários fazem quando se trata do Porto de Santos. Seja por desconhecimento ou pela excessiva concentração na vocação para os negócios, muitos empresários nas cercanias de Santos e São Paulo, podem esquecer que alguns aspectos indiretamente relacionados ao negócio podem influenciar nos resultados. 

Assim como conhecer a cidade do Rio de Janeiro pode trazer uma experiência mágica e inesquecível a visitantes ao Brasil, visitar outras regiões do país pode reproduzir efeitos semelhantes. A experiência muitas vezes se associa à percepção geral da viagem e até mesmo impressão sobre nossa empresa e os negócios. E, quando falamos da ilha de São Vicente, sem dúvida, o potencial reúne desenvolvimento, beleza e história que juntos constituem um distintivo para marcar presença internacional para além do porto. 

Entre as cidades mais desenvolvidas do Brasil 

A cidade de Santos constantemente se coloca nos rankings internacionais entre as cidades mais desenvolvidas do Brasil. Considerando os índices que aparecem com maior destaque está o IDH  – Índice de Desenvolvimento Humano. Santos frequentemente aparece entre as 10 cidades grandes mais desenvolvidas do país, muitas vezes situando-se entre as mais bem avaliadas.  Segundo artigo publicado na UOL em outubro de 2023, “Ranking: a melhor cidade para envelhecer no Brasil fica na Grande São Paulo”, Santos fica em 3º lugar no Estado de São Paulo. 

Praias com o maior Jardim do Mundo são apenas um ícone do que se pode encontrar 

Conforme divulgado pelo portal de Turismo Oficial da Cidade de Santos e, constando também, do famoso site Tripadvisor, o maior jardim de praia do mundo está em Santos. São mais de 5 quilômetros contínuos de jardim. Junto a ele está uma longa extensão de areia que separa uma avenida repleta de restaurantes, bares e outros atrativos, do mar, localizado numa baía em que navios chegam e partem diariamente, transportando não somente cargas, mas também diversão, como é o caso dos grandes cruzeiros que partem da cidade. O que se observa nas vias urbanas é reflexo do desenvolvimento que se expressa através da organização, patrimônios e economia forte. 

A capital da língua Clássica do Brasil

Foi em São Vicente que o padre Manuel de Anchieta,  estudou a língua antes falada em praticamente todo o litoral brasileiro. Trata-se do Tupi antigo. Anchieta desenvolveu a gramática de uma língua que mais tarde seria adotada em todo o país. Historiadores afirmam que a língua principal falada pelos Bandeirantes era o Tupi. Mais tarde, ela evoluiu e deu lugar para a língua geral amazônica e a língua geral paulista. Diversas nomenclaturas topográficas no Brasil, como é o caso de nome de cidades e regiões, foram grafadas em Tupi. Como exemplo, podemos citar Anhaguera, Paraná, Ipanema, Itapuã entre inúmeras outras.  A língua clássica brasileira logrou nomear várias espécies de animais e vegetais entrando também para a ciência. Além disso, o Tupi se internacionalizou e, palavras como piranha e Jaguar são comumente utilizadas em inglês, além de outras línguas.

Desde o início, o ponto de partida para se chegar a grandes riquezas 

A história contemporânea já aponta que era de conhecimento do povo que situava no litoral brasileiro a existência da civilização Inca e sua capital no Peru.  O que mais chamava atenção dos portugueses e dos demais europeus que chegavam no nosso litoral, era a quantidade de ouro e riquezas produzidas nessa civilização.  Em posse de artefatos em ouro e prata, forjados pelos Incas, povos tupis teriam mencionado o caminho que desenvolveram para se chegar no tal “El Dorado”. Estamos falando do Peabiru, trilha em que os povos originários investiram conhecimento para sua manutenção de modo que fossem de São Vicente até as cercanias de Cusco, Peru. Mais sobre o assunto pode ser visto no documentário “De Paranapiacaba ao Peabiru”.  

Muita história para contar

A Independência do Brasil se deu logo após uma viagem de Dom Pedro I, do local onde está a mais antiga cidade do Brasil, São Vicente, até as margens do Ipiranga, São Paulo. As duas localizações sempre estiveram conectadas seja pelos povos nativos, ou pelos europeus, que só chegaram muito depois. E esse fato sozinho pode propiciar a estrangeiros a sensação de que estão pisando em um dos mais importantes lugares para a história do país. Sem contar que muitos monumentos históricos estão situados em belas paisagens que vão da ilha de São Vicente até São Paulo, se passarmos por Paranapiacaba, os parques regionais, e seus mirantes para o litoral. Para quem conhece o Brasil pela primeira vez, é a oportunidade de pintar em sua mente um quadro deslumbrante e inesquecível. E esse é um dos vários aspectos singulares que que a região pode oferecer como experiência histórica no Brasil, seja ela indígena ou pós-1500.  

No caminho, um dos melhores exemplos de união entre Desenvolvimento e Sustentabilidade 

Algumas pessoas devem estranhar o fato de constar do texto o termo ilha, talvez por desconhecer que Santos e São Vicente possuem suas regiões centrais numa Ilha. Entre os fatores que podem contribuir para o desconhecimento está um positivo: a excelente infraestrutura representada pela rodovia dos imigrantes que a liga São Paulo. Com 6 faixas nos seus trechos mais largos, a rodovia chega à ilha através de uma engenharia que a elava acima canal, possibilitando que muitos não percebam que se trata de uma ponte.  E o mais incrível de todo esse percurso, é que  ele cruza vales e picos, onde se encontra a maior área de proteção integral do litoral brasileiro, segundo o site do governo, onde se observa a Mata Atlântica em sua plenitude. Se por um lado a sustentabilidade é algo que sempre deve-se perseguir e se manter atualizado, o principal caminho que liga a cidade de São Paulo a Ilha de São Vicente é um bom exemplo internacional do encontro entre preservação ambiental e desenvolvimento.

Uma ótima Experiência Brasileira

A Ilha de São Vicente, reúne a cultura dos três principais povos que formaram o Brasil em sua raiz. O termo caiçara tem origem nos povos originários, e atualmente, é a denominação da população regional. A contribuição dos povos africanos é percebida em diversos aspectos. Contudo, se o foco é internacional, o samba costuma tocar em frente a praias com restaurantes que semanalmente servem feijoada. Mas pode-se ir além. Por último, os portugueses têm uma forte representatividade e mantém sua a cultura viva na Ilha.  “Os portugueses e descendentes se reuniam na cidade de Santos para prestar apoio social e, mais tarde, para preservar e divulgar sua cultura, o que veio a se tornar o Centro Cultural Português”, conta Alberto Barduco, vice-presidente da instituição. 

As inesquecíveis Rio e Salvador, além de outras,  podem ser cidades embaixadoras que abrem alas para mais destinos de negócios, cultura e turismo no país. O que se fez aqui é mostrar um exemplo de potencialidades que cada região brasileira pode ter. Cada região tem sua vocação e sua particularidade com diferenciais, muitas vezes próximos, mas nem sempre notados.  Conhecer e apresentar essas unicidades constitui um story telling que une negócios à Cultura e ao Desenvolvimento. Além de ser uma demonstração de atenção às curiosidades de nosso público internacional, proporcionar momentos marcantes em nossas agendas de negócio deve contribuir para bons resultados para nossos empreendimentos e para economia do país. 

Santos: www.turismosantos.com.br
São Vicente: www.saovicente.sp.gov.br/visite-sao-vicente

Rodrigo Solano, Especialista em Internacionalização e Relações Interculturais

www.thinkglobal.com.br 

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