Da Redação
Brasília – Em 2014, a Venezuela foi o principal país de destino das exportações de bovinos vivos. Foi também um dos mais importantes mercados para as indústrias brasileiras fabricantes de celulares, automóveis, televisores, entre outros produtos de maior valor agregado. Com a inflação estratosférica, o dólar fortemente valorizado e a mais grave crise econômica da história do País, a Venzuela deixa de ser, a cada dia, um parceiro comercial relevante para o Brasil.
Na falta de divisas em moedas fortes, o tem reduzido as importações de uma vasta lista de produtos, a maior parte deles essenciais, e que inlcui desde alimentos (carnes bovina e bois vivos, milho para a semeadura, margarina) a medicamentos e até mesmo absorventes higiênicos.
De janeiro a abril, o outrora florescente mercado venezuelano reduziu em 61,03% as importações de produtos brasileiros e com isso as comprass atingiram seu mais baixo patamar desde 2004 e somaram apenas US$ 334 milhões. Em igual período de 2015, um ano igualmente ruim para os exportadores brasileiros, a Venezuela tinha importado US$ 855 milhões do Brasil.
Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) relativos ao intercâmbio comercial com a Venezuela são desoladores. E não param de piorar. Ano passado, as exportações brasileiras totalizaram US$ 2,987 bilhões e amargaram uma queda de 35,52% comparativamente com 2014. Com isso, a participação do país no volume global das exportações brasileiras foi de 1,56%.
No primeiro quadrimestre de 2016 o Brasil exportou para a Venezuela produtos no total de US$ 334 milhões, correspondentes a apenas 0,60% de todo o volume negociado pelo Brasil no exterior. E como tudo que está ruim ainda pode piorar, no mês de março, as exportações brasileiras ficaram abaixo de US$ 63 milhões, contra US$ 213 milhões exportados em igual mês do ano passado. Assim, ao que tudo indica, ao final deste ano essa participação da Venezuela no volume global exportado pelo Brasil será ainda menor.
Se uma Venezuela cada vez mais próxima da completa falência econômico-financeira reduz tão drasticamente as importações de produtos brasileiros, importando praticamente o essencial, como remédios, alimentos e produtos da máxima necessidade, de outro lado, o país também não pode contar com o aumento das exportações por parte do Brasil.
Afinal, um dos principais clientes de seu produto principal, o petróleo, também mergulhado em severa crise econômica –ainda que situada em patamares a anos-luz de distância do apagão venezuelano- e por uma crise política que parece não ter fim. Ainda assim, as vendas venezuelanas para o Brasil nos quatro primeiros meses deste ano caíram “apenas” 27,84% para US$ 198 milhões.
Queda livre
A retração nas exportações para a Venezuela atinge, indistintamente, todas as categorias de produtos, mas a queda mais acentuada aconteceu justamente na área dos produtos manufaturados e semimanufaturados, aquela em que a combalida indústria brasileira encontra maiores dificuldades para encontrar substitutos para os clientes do país andino.
Nesses segmentos, as importações tiveram uma forte queda de 65,03% de janeiro a abril e somaram apenas US$ 207 mihões. Em igual período de 2015, a Venezuela absorveu US$ 559 milhões em produtos industrializados brasileiros. Igualmente expressiva foi a queda nas vendas de produtos básicos: 57,33% e as importações totalizaram apenas US$ 127 milhões.
Em relação aos produtos, as quedas mais acentuadas foram registradas nas exportações de carnes desossadas de bovino (-73,66%), que geraram uma receita de US$ 40 milhões contra US$ 150 milhões exportados nos quatro primeiros meses do ano passado. Também caíram fortemente as vendas de leite integral em pó (-62,67% e receita de US$ 14 milhões), aparelhos para filtrar ou depurar água (- 62,67%, com receita de US$ 9 milhões) e bovinos vivos, que até recentemente foram o carro-chefe das exportações brasileiras para a Venezuela, tiveram as vendas reduzidas em 66,70% e renderam aos pecuaristas brasileiros pouco mais de US$ 8 milhões nos quatro primeiros meses deste ano.