Crise na Grécia não afetará Mato Grosso

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Fonte: Diário de Cuiabá (11/5)

colheita_da_sojaCuiabá – A crise financeira europeia instalada nos países do chamado bloco Piigs, formado por Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, não causa temor aos investidores e não deve afetar a economia mato-grossense nos próximos meses, segundo analistas e lideranças empresariais.

Eles afirmam que, diferentemente da crise norte-americana de 2008, que se alastrou por todo mundo e atingiu a economia dos países – inclusive do Brasil – a crise européia é “localizada” (teve origem na Grécia) e pode ser facilmente contornada com a ajuda de outros países. Na semana passada, as bolsas de valores do mundo inteiro, inclusive no Brasil, foram derrubadas pelas dúvidas de que alguns países da Europa, os chamados Piigs (porcos, em inglês) não consigam honrar suas dívidas.

“Para nós, até o momento nada aconteceu. Acho que outros países vão socorrer a Grécia antes da crise se espalhar e não seremos abalados”, afirma o presidente da Federação das Indústrias no Estado (Fiemt), Jandir Milan.

Segundo ele, não é a crise iniciada na Grécia que irá reduzir o consumo de alimentos em todo o bloco europeu. “Não vejo grandes motivos para alardes, pois a crise é localizada e não deve ser relevante para a economia mundial”.

Dados da Fiemt mostram que as exportações para a Europa em 2008, quando começou a crise norte-americana, atingiram US$ 3,3 bilhões. Em 2009, em plena crise, Mato Grosso exportou US$ 2,8 bilhões, mas aumentou as vendas em US$ 1,1 bilhão para a Ásia e elevou suas exportações de US$ 358 milhões (2008) para US$ 653 milhões (2009) ao Oriente Médio.

Um fator positivo da crise, na avaliação de Milan, é o aumento do dólar em relação às demais moedas. “Câmbio alto favorece as exportações dos produtos do agronegócio, que tem seus preços atrelados às bolsas internacionais”, lembra.

Na opinião do economista Carlos Vitor Timo Ribeiro, Mato Grosso está tranqüilo em relação à crise européia. “Nosso Estado é blindado pelo seu perfil econômico. Produzimos alimentos e o consumo mundial não deve cair. Quem poderá sofrer um pouco são as economias industrializadas”.

Ele diz que a volatilidade do câmbio é prejudicial porque traz insegurança às decisões empresariais. “Quando o real se valoriza muito, como ocorreu nos últimos anos, isso não é bom para a economia, principalmente para as nossas exportações. Quando o dólar sobe, há entrada maior de recursos em reais no Brasil. Há um ganho cambial”, analisa.

COMÉRCIO

Para o vice-presidente da Federação do Comércio, Bens e Serviços de Mato Grosso (Fecomércio), Hermes Martins, a crise será contornada em tempo e não deve espalhar para todo o mundo. “Acredito que o problema será solucionado e, se tivermos algum reflexo, será muito pequeno, quase imperceptível para a economia de Mato Grosso. Aliás, o nosso Estado sempre foi tolerante e soube suportar os momentos de crise.

Estamos tranqüilos e confiantes de que não seremos afetados”.

ANALISTAS

Na opinião de consultores e analistas econômicos, a crise na Europa não deve atingir a economia brasileira. “O Brasil será muito pouco ou nada afetado, nos seus fundamentos, pela crise dos Piigs”, afirma o consultor financeiro Raphael Cordeiro.

De acordo com o analista Luiz Augusto Pacheco, no Brasil não ocorre nada do gênero da crise instalada na Europa. “Existem exigências para os países que utilizam o euro e que os Piigs já ultrapassaram ou chegam perto desses limites”, avalia.

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