Redução de custos na importação: especialista mostra como empresas brasileiras podem economizar em cada etapa

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Desde a negociação com fornecedores até o câmbio e desembaraço aduaneiro, especialistas apontam estratégias que ajudam a baratear o processo e aumentar a competitividade no mercado internacional

Da Redação

Brasília – Com a alta volatilidade do dólar e o aumento das exigências logísticas no comércio exterior, empresas brasileiras enfrentam um desafio constante: reduzir os custos na importação sem comprometer a qualidade nem os prazos. Para o especialista Thiago Oliveira, CEO da Saygo, holding especializada em comércio exterior e soluções cambiais, a otimização desse processo começa com planejamento estratégico e decisões bem embasadas em todas as etapas. “Importar não é apenas comprar mais barato. É gerenciar riscos cambiais, tributos e burocracias que incidem sobre a operação. Cada detalhe mal conduzido pode impactar fortemente o preço final”, afirma o executivo.

Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os custos logísticos e tributários representam cerca de 30% do total da operação de importação no Brasil. A falta de uma estratégia clara pode elevar esse percentual para patamares que comprometem a margem das empresas. “É comum vermos empresas que pagam mais de 50% do valor da mercadoria apenas em custos indiretos. Isso inviabiliza a operação a médio prazo”, destaca Oliveira.

Principais custos envolvidos e como reduzi-los

Os maiores gargalos estão nas despesas com frete internacional, armazenagem, taxas portuárias, impostos de importação e serviços de desembaraço aduaneiro. Para cada um deles, há alternativas viáveis. No caso dos tributos, regimes como o Drawback, que permite suspensão, isenção ou restituição de impostos sobre insumos utilizados em produtos exportados, podem gerar economia de até 18% nos custos totais, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Já para os importadores, mecanismos regionais também contribuem para a redução da carga tributária. Um exemplo é o Regime Especial de Alagoas, que permite a redução da alíquota de ICMS para até 1,2%, ampliando a viabilidade financeira das operações internacionais.

“Empresas que exportam e importam ao mesmo tempo conseguem resultados expressivos com o uso do Drawback. Mas ainda é um recurso pouco explorado, muitas vezes por desconhecimento técnico ou por medo da burocracia. Com assessoria especializada, esse processo se torna simples e altamente lucrativo”, explica Oliveira.

Negociação com fornecedores internacionais

Outro ponto crucial está na origem da operação: a negociação com fornecedores. Para o CEO da Saygo, esse é o momento em que muitas empresas erram por falta de análise comparativa e desconhecimento de práticas internacionais. “Negociar não é só pedir desconto. É possível entender cláusulas de Incoterms, prazos de entrega, modalidades de pagamento e garantias legais. Um contrato mal redigido pode gerar prejuízos futuros com penalidades e atrasos”, alerta.

Ele recomenda que as empresas priorizem fornecedores que aceitem pagamentos flexíveis, garantam qualidade documentada e tenham histórico de cumprimento contratual. O uso de cartas de crédito e mecanismos de seguro de carga também são estratégias para mitigar riscos.

Ferramentas de câmbio e financiamento

As variações cambiais impactam diretamente o custo da importação. Uma oscilação de poucos centavos no dólar pode representar milhares de reais a mais na fatura final. Por isso, Oliveira defende a adoção de ferramentas de proteção cambial, como contratos a termo e operações de hedge. “A previsibilidade do câmbio é essencial para manter a margem de lucro e evitar surpresas no fechamento da operação”, afirma.

Além disso, soluções de financiamento internacional, como ACC (Adiantamento sobre Contrato de Câmbio) e o uso de fintechs de câmbio, têm crescido como alternativas mais acessíveis e rápidas. A Saygo, por exemplo, desenvolveu plataformas próprias para agilizar o fechamento de câmbio com taxas mais competitivas, o que reduz até 40% dos custos cambiais em relação aos bancos tradicionais, segundo a empresa.

Para Thiago Oliveira, o segredo está em adotar uma visão sistêmica da operação. “Não existe economia sustentável na importação se a empresa não olhar o processo como um todo. Desde a escolha do fornecedor até a chegada do produto ao estoque, cada etapa precisa ser otimizada com dados, controle e parceria técnica. Reduzir custos exige mais que cortar gastos, exige inteligência na execução”, conclui.

Segundo o MDIC, mais de 41 mil empresas brasileiras atuaram com importação em 2023, movimentando US$ 240 bilhões em mercadorias. Em um cenário de pressão fiscal e instabilidade global, a capacidade de operar com eficiência e reduzir custos tornou-se um diferencial decisivo para a sobrevivência no comércio internacional.

 

 

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