Déficit no comércio com a África bate recorde histórico em 2014 e deve superar US$ 7 bilhões

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Da Redação

Brasília – As exportações brasileiras para a África não param de cair e entre os meses de janeiro a outubro totalizaram US$ 8,048 bilhões, contra US$ 9,102 bilhões exportados em igual período do ano passado, uma retração de 11,55%. Com isso, apesar de as vendas africanas para o Brasil também terem caído nesses dez primeiros meses ano, a redução foi um pouco menor (de -4,06%) e somaram US$ 14,455 bilhões, o que fez com que os países africanos acumulassem um superávit de US$ 6,407 bilhões no comércio bilateral com o Brasil.

O saldo nesses dez meses de 2014 em favor dos países africanos é superior ao registrado em todo o ano de 2013, no total de US$ 6,359 bilhões. Os dados foram fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Este é o terceiro ano consecutivo em que as exportações para a África estão em queda. E em 2014 elas alcançarão o menor nível dos últimos seis anos, superando apenas a cifra de US$ 8,7 bilhões exportados em 2009 para aquele que é um dos mercados com maior potencal de crescimento em todo o mundo.

Durante os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a África foi considerada prioritária para a política comercial brasileira e as vendas para o continente iniciaram em 2003 uma forte tendência de alta, chegando ao maior patamar em 2011, quando totalizaram US$ 12,224 bilhões. A partir do primeiro ano do governo da presidente Dilma Rousseff, as exportações para a África só fizeram cair e ano passado foram de US$ 11,087 bilhões.

Devido principalmente às importações de petróleo da Nigéria e de Angola, nos últimos anos o Brasil vem acumulando crescente deficit nas trocas comerciais com os países africanos. De 2008 até outubro deste ano, o saldo negativo acumulado gira em torno de US$ 25,9 bilhões, o maior deficit registrado pelo Brasil nas trocas comerciais com qualquer outro continente ou grupo de países.

Segundo dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) a África é um dos continentes que mais tem aumentado suas importações nos últimos anos.  Embalados por indices de crescimento superiors a 5% nos últimos cinco anos,  os países africanos importam cada vez mais, de alimentos a bens de alto valor agregado.

Assim, em 2009 as exportações mundiais para a África somaram US$ 411 bilhões e saltaram para US$ 628 bilhões em 2013.Apesar desse crescimento impressionante das importaçoes africanas, este ano apenas 4,19% de todo o volume exportado pelo Brasil teve a África como destino final. Em 2013, essa participação foi de 4,58%.

Além de exportar pouco, o Brasil vende à África principalmente commodities. A pauta exportadora para os países africanos este ano vem sendo liderada pelo açúcar de cana (US$ 1,681 bilhão em exportações), seguido por outros açúcares de cana, beterraba, sacarose química (US$ 758 milhões), milho (US$ 521 milhões), carne bovina congelada (US$ 508 milhões) e minérios de ferro (US$ 308 milhões).

Do lado africano, as exportações se concentram em três produtos principais: petróleo (US$ 9,332 bilhões), naftas para petroquímica (US$ 1,691 bilhão) e gás natural liquefeito (US$ 1,084 bilhão). Apenas esses três itens foram responsáveis por nada menos que 83,76% de todo o volume exportado pelos países africanos para o Brasil no período janeiro/outubro deste ano.

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